Quatro das principais inovações recentemente desenvolvidas em diferentes departamentos da UFMG foram apresentadas na manhã desta quinta-feira, dia 6, pela reitora Sandra Regina Goulart Almeida durante a terceira edição do encontro de reitores promovido pela presidência pro-tempore da Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac) e pela União de Universidades da América Latina e do Caribe (Udual). Nanoscópio, diagnóstico de infecção por agentes virais através da incidência de luz e vacinas contra a leshimaniose visceral canina e antidrogas foram as tecnologias compartilhadas no encontro.

Na oportunidade, a reitora defendeu a desburocratização do processo de licenciamento industrial das patentes. “Isso já está sendo discutido no Brasil, mas, ainda, de forma incipiente. É papel das universidades orientar o governo, em articulação com as empresas, quanto ao caminho a ser seguido”, comentou.

O encontro teve o objetivo de apresentar as principais tecnologias concebidas em algumas das 230 universidades, de 21 países, que integram a Udual. Realizada de forma remota, a reunião foi transmitida pelo YouTube, onde continua disponível.

Precisão óptica
A primeira inovação apresentada pela reitora da UFMG foi o nanoscópio, instrumento óptico bem mais potente do que o microscópio, desenvolvido por equipe liderada pelo professor Ado Jorio de Vasconcelos, do Departamento de Física. “Um microscópio é capaz de resolver imagens na escala de micrômetro, ou seja, um milhão de vezes menor que o metro. O nanoscópio da UFMG é capaz de resolver imagens na escala de nanômetro, medida um bilhão de vezes inferior ao metro”, comparou Sandra Goulart.

Ela informou que o equipamento está em fase de construção de protótipo pré-comercial. Parte da tecnologia é desenvolvida em cooperação com a empresa Invent Vision, uma spin-off da UFMG sediada no Parque Tecnológico de Belo Horizonte.

Inteligência artificial
O diagnóstico de infecção por agentes virais por meio da incidência da luz, também descrito pela reitora, é de autoria do professor Juan Carlos González Pérez, do Departamento de Física.

Como explicou Sandra Goulart, a tecnologia, baseada na combinação de técnicas de espectroscopia ótica e inteligência artificial, possibilita a identificação de agentes virais em células, através da incidência de feixes de radiação eletromagnética. “Ela torna possível realizar a análise simultânea de diversos vírus, como coronavírus, zika e dengue, de forma rápida e precisa, dispensando a utilização de biomarcadores”, acrescentou.

Vacinas
Concebida pela professora Ana Paula Salles Moura Fernandes, do Departamento de Análises Clínicas e Toxicológicas, da Faculdade de Farmácia, a vacina contra a leishmaniose visceral canina foi formulada por um antígeno recombinante que possibilita a distinção sorológica entre os animais vacinados e os infectados.
Como revelou a reitora da UFMG, esse é o único imunizante contra a doença aprovado pelo Ministério da Agricultura do Brasil e disponível no mercado.“É  atualmente a tecnologia que mais gera royalties para a UFMG”, informou a reitora.

Uma vacina antidroga também foi apresentada pela reitora da UFMG. A pesquisa, coordenada pelos professores Ângelo de Fátima, do Departamento de Química, e Valbert Nascimento Cardoso, do Departamento de Análises Químicas e Toxicológicas, da Faculdade de Farmácia, baseia-se em um mecanismo caracterizado pelo uso de moléculas estimuladoras do sistema imunológico para tratamento da dependência.

“Essa descoberta é extremamente importante socialmente e, por isso, tem obtido significativo destaque na imprensa nacional e internacional”, completou Sandra Goulart.

Veja a apresentação feita pela reitora Sandra Goulart Almeida durante o encontro de reitores realizado na manhã desta quinta-feira.

Dirigentes das universidades de São Paulo (USP) e Estadual de Campinas (Unicamp) e de outras oito instituições da Colômbia, do Chile, do México e do Uruguai também apresentaram tecnologias.