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‘Estamos aqui para lançar luz sobre o nevoeiro de ideias que cobre o país’, diz João Antonio de Paula na abertura do Seminário de Diamantina

Mesa de abertura reuniu dirigentes universitários e gestores públicos
Mesa de abertura reuniu dirigentes universitários e gestores públicos Matheus Espíndola / UFMG

A crise político-econômica que assola o país pode, em certa medida, ser comparada com a vivida no ano de 1982, quando foi realizada a primeira edição do Seminário sobre Economia Mineira. A afirmação foi feita pelo professor João Antonio de Paula, coordenador da décima sétima edição do evento, aberta nesta quarta-feira, dia 31, em Diamantina. “Novamente estamos aqui reunidos para tentar lançar luz sobre o nevoeiro de ideias que cobre o país”, disse.

Na visão de João Antonio, o evento é o principal fórum inspirador de políticas públicas para Minas Gerais. “As milhares de páginas de textos pronunciados aqui, ao longo de 34 anos, compõem um inventário de conhecimento sobre Minas Gerais que nenhuma instituição produziu”, disse.

Para o reitor da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), Gilciano Saraiva Nogueira, a UFMG é referência importante para outras instituições, principalmente porque seus programas de pós-graduação dedicam-se a desenvolver estudos que “extrapolam as prateleiras e são traduzidos em benefícios para a sociedade”. “Esse exemplo deixa claro que o Brasil precisa das universidades para se tornar competitivo”, argumentou.

O secretário de Estado de Planejamento e Gestão, Helvécio Miranda Magalhães Júnior, manifestou sua satisfação em estar presente ao Seminário, destacando que o Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional (Cedeplar) da UFMG é “uma marca da qual Minas Gerais muito se orgulha”. “Espero absorver muitas ideias nos debates aqui realizados”, acrescentou.

Cidade inspiradora

A dimensão cultural do Seminário foi evidenciada pelo secretário de estado de Cultura, Ângelo Oswaldo Araújo Santos. “Diamantina, cidade considerada patrimônio histórico e cultural do país, é cenário inspirador para a arte e para a ciência”, comentou.

O prefeito de Diamantina, Paulo Célio de Almeida Hugo, afirmou que a cidade “recebe com felicidade o Seminário, que bienalmente modifica a paisagem diamantinense”. “Estamos certamente em uma terra sagrada, construída no passado pelo sangue e suor dos escravos. A cidade é repleta de simbolismos: assim como o passadiço liga os dois lados da Casa da Glória, o Seminário liga Diamantina ao desenvolvimento do país”, metaforizou.

O pró-reitor de Planejamento e Desenvolvimento da UFMG, Hugo Eduardo Araújo da Gama Cerqueira, que representou o reitor Jaime Ramírez na solenidade, convocou os participantes a “interpretar o momento do Brasil, contraditar os obstáculos da plena democratização e buscar soluções”.

“Há 34 anos vivenciávamos os últimos anos do regime militar, e não era claro para ninguém o rumo que o país iria tomar. Muitos dos que participaram do evento em 1982 levaram para a prática o que foi discutido nos seminários. Cobra-se da universidade a postura de resistência, de crítica, de reflexão e de proposição. Diamantina é o local ideal para esse tipo de reflexão”, finalizou Cerqueira.

Perda dilacerante
Um nome foi lembrança recorrente entre os componentes da mesa de abertura do Seminário sobre Economia Mineira: o professor Rodrigo Simões, morto no dia 19 de agosto. “O evento tem sentido especial para nós, organizadores, devido à perda dilacerante de uma pessoa que, até há poucos dias, se empenhou muito para que ele fosse realizado”, disse João Antonio de Paula.

“Apesar da dor da perda, tentaremos realizar o evento da maneira que ele queria”, registrou a diretora do Cedeplar, Mônica Viegas Andrade. “Rodrigo era um mestre da visibilidade, de caráter controverso: malvado e encantador”, declarou o professor Roberto Monte-Mór, no encerramento da sessão de abertura, na qual foi exibido vídeo em homenagem a Simões.

Matheus Espíndola