Estudos abordam práticas sexuais fetichistas sob a perspectiva organizacional
Universo da comunidade BDSM de Belo Horizonte será discutido em evento na Face
A sexualidade (do latim sexualis) é tema de várias pesquisas no âmbito das Ciências Humanas e Sociais. No campo da Administração, uma das vertentes busca trabalhá-lo à luz dos estudos organizacionais, sobretudo nas formas de resistências, denominadas sexualidades dissidentes.
Essa linha de abordagem orienta o evento DesConstruções – (In)visíveis: dinâmicas do BDSM na cidade, que será realizado pelo Núcleo de Estudos Organizacionais e Sociedade (Neos) nesta quarta, dia 12, às 18h, no Auditório 2 da Faculdade de Ciências Econômicas. As inscrições estão abertas.
A sigla BDSM abrange uma série de práticas eróticas no universo do fetichismo: bondage (B) ou amarração, dominação e disciplina (D), submissão e sadismo (S) e masoquismo (M). Os praticantes são chamados de BDSMers.
Em sua terceira edição, a proposta do ciclo DesConstruções é desdobramento da pesquisa de mestrado desenvolvida por Andressa Carolina do Nascimento Nunes, uma das participantes da mesa. Segundo ela, que agora expande suas investigações no doutorado, a ideia de estudar o assunto surgiu após cursar uma disciplina isolada que relacionava sexualidade e organização. "Na época, também se falava muito a respeito da trilogia 50 tons de cinza. As discussões nas aulas acabaram sendo a faísca que despertou o meu interesse em procurar saber mais a respeito do BDSM e da possibilidade de existência de uma comunidade de praticantes em Belo Horizonte", explica.
Organização
De acordo com Andressa do Nascimento, os adeptos do BDSM comportam-se como uma organização, na medida em que se distribuem em grupos, têm processos próprios de socialização, apresentam relações discursivas de poder e mantêm normas de conduta – como o SSC (São-Seguro-Consensual).
A proposta do evento é abarcar as discussões sobre as práticas BDSM sob duas perspectivas: acadêmica, com a participação de Andressa Carolina e mediação do professor Rafael Diogo, orientador do doutorado e docente da Faculdade de Ciências Econômicas (Face), e vivência, com Lucas Ares, praticante e produtor de eventos BDSM.