Pesquisa e Inovação

Pesquisa do ICA mostra que farinha de baru pode compor alimentação de bezerros leiteiros

Lucas Vieira, mestre em Produção Animal, constatou que o alimento substitui parte do milho utilizado nos primeiros meses de vida dos animais

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Farinha de baru: alternativa reduz custos sem comprometer o desempenho dos animaisFoto: Lucas Vieira | ICA/UFMG

Um fruto nativo do cerrado é alternativa para a alimentação de bezerros leiteiros, segundo os resultados de estudo feito por Lucas Gomes Vieira, mestre em Produção Animal pelo Instituto de Ciências Agrárias (ICA) da UFMG. De acordo com o pesquisador, a fase de cria na bovinocultura leiteira é caracterizada por altos custos de produção devido a oscilações de preços de substitutos do leite, concentrados comerciais e mão de obra especializada. “Essa fase é chave para a lucratividade das fazendas leiteiras, e a inclusão do coproduto do baru na alimentação dos bezerros reduz custos, sem comprometer o desempenho dos animais”, explica.

Os estudos começaram há cerca de dois anos. De acordo com o pesquisador, o baru foi escolhido para a pesquisa porque apresenta produtividade elevada, alto valor nutricional, múltiplas funcionalidades, e sua colheita ocorre em períodos de escassez de alimentos. Além disso, naturalmente, seu coproduto é apropriado para a alimentação animal.  O trabalho foi orientado pela professora Luciana Geraseev.

“O experimento foi realizado com bezerros leiteiros na fase de aleitamento”, conta a docente. “Utilizamos 16 animais machos que entraram no experimento no terceiro dia de vida. Acompanhamos o desenvolvimento dos animais até o desmame, aos 60 dias de idade.”

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Lucas Vieira: alternativa para dietas iniciais, especialmente em regiões semiáridasFoto: Acervo pessoal

Quatro tratamentos experimentais
Os bezerros foram aleitados com quatro litros de leite in natura, em duas refeições diárias. Eles receberam o leite em mamadeiras e tiveram acesso livre a água, feno e concentrado até dois meses de idade. Foram utilizados quatro tratamentos experimentais: o tratamento controle consistiu de dieta convencional à base de milho, soja e núcleo mineral; os tratamentos com substituição, por sua vez, foram compostos de ração formulada com milho, soja, núcleo mineral e 25%, 50% e 72% de farinha de baru em substituição ao milho.

“Durante a pesquisa, avaliamos ganho de peso e comportamento ingestivo de bezerros leiteiros alimentados com diferentes níveis da farinha de baru em substituição ao milho na dieta sólida. A inclusão da farinha de baru em substituição ao milho proporcionou desempenho similar entre os animais dos tratamentos, demonstrando ser uma importante alternativa para composição de dietas iniciais, especialmente em regiões semiáridas, onde o baru é encontrado”, destaca Lucas Vieira.

A análise dos dados mostrou qual grupo obteve melhor desempenho. “Quando fizemos a análise econômica, a substituição de 50% do milho pela farinha de baru foi a que obteve melhor resultado. Concluímos, portanto, que a farinha de baru é uma alternativa viável para o produtor”, afirma Luciana Geraseev.

O baru dá em árvore da família das leguminosas e tem uma castanha comestível
O baru dá em árvore da família das leguminosas e tem uma castanha comestível Foto: Divulgação Embrapa

O fruto
Fruto do barueiro, árvore nativa do cerrado brasileiro, o baru é encontrado nos estados de Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Distrito Federal. Normalmente, os primeiros frutos surgem quando a árvore completa seis anos. As safras começam no mês de julho e ocorrem de dois em dois anos. Cada árvore chega a produzir até 150 quilos de baru. O alto valor nutricional do fruto tem despertado o interesse de diversos setores. O teor de proteínas do fruto é de 26%, superior aos da castanha-do-pará e da castanha-de-caju.

Ana Cláudia Mendes I Cedecom Montes Claros