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Pesquisa demonstra impactos da pandemia nos profissionais de saúde no Brasil

Michelle Fernandez, pesquisadora do Núcleo de Estudos da Burocracia da FGV, apresentou as etapas e alguns resultados do estudo, em entrevista ao programa Conexões

Segundo a primeira fase do relatório, 60% dos profissionais de saúde não se consideravam preparados para atuar em meio à pandemia
60% dos profissionais de saúde não se consideravam preparados para atuar em meio à pandemia Photo by SJ Objio on Unsplash

Dados de um levantamento realizado pelo Núcleo de Estudos da Burocracia (NEB), da Fundação Getúlio Vargas (FGV), mostram que, até o início de julho, metade dos profissionais de saúde pública no país continuava sem receber Equipamentos de Proteção Individual (EPIs). Mais de 80% deles também disseram ter algum colega que se contaminou com a doença. Ainda de acordo com o estudo, 70% desses profissionais ainda não se sentiam preparados para lidar com a covid-19. 

Em relação a uma das medidas mais importantes para conter a disseminação do novo coronavírus, o levantamento revelou que a testagem não foi amplamente aplicada: apenas 35,2% dos profissionais de saúde afirmaram ter sido testados para covid-19. O relatório A pandemia de covid-19 e os profissionais de saúde pública no Brasil pretende discutir os impactos do coronavírus na vida desses profissionais, nas dinâmicas de trabalho e também a forma como esses profissionais interagem com os demais cidadãos.

A pesquisa passou por três fases: a primeira rodada foi na segunda quinzena de abril, e a segunda, na primeira quinzena de julho. As duas amostragens permitiram destacar como era a situação no início e em um dos meses de pico da doença. Atualmente, o grupo está levantando os dados da terceira rodada. A coleta foi feita totalmente de forma remota.

Acerca da falta de testagem dos trabalhadores que estão na linha de frente do combate ao vírus, a pesquisa também demonstrou que existe uma diferença interna: apenas 27% dos agentes comunitários e de endemia foram testados contra 43% dos médicos. Os dados de confiança e preparo mostram que mais de 60% dos profissionais na primeira fase não se consideravam preparados para atuar em meio à pandemia ou não sabiam responder. 

Em entrevista ao programa Conexões, da Rádio UFMG Educativa, nesta segunda-feira, 5, a pesquisadora do Núcleo de Estudos da Burocracia da FGV Michelle Fernandez afirmou que os resultados do levantamento demonstram a percepção subjetiva dos profissionais de saúde. Para ela, a sensação de falta de apoio relatada por muitos deles aumenta a impressão de despreparo, afetando a qualidade dos serviços que são prestados.

Michelle Fernandez também falou sobre as diferenças regionais. Segundo dados da pesquisa, o acesso a recursos varia muito entre as regiões do país. “Há regiões muito mais afetadas com relação à qualidade do acesso a equipamentos, e do acesso aos recursos materiais, de uma forma geral, o que mostra que o enfrentamento à pandemia não se dá de uma forma homogênea, e isso também deve ser levado em conta para pensarmos estratégias para o futuro", defendeu.

Ouça a conversa com Luíza Glória

Profissionais de saúde ainda podem contribuir com a terceira fase do levantamento, por meio de formulário on-line. Outras informações sobre a pesquisa podem ser acessas nos relatórios da fase 1 e da fase 2.

Produção: Arthur Bugre
Publicação: Isadora Oliveira, sob orientação de Hugo Rafael