Coberturas especiais

Rádio UFMG Educativa veicula série sobre acessibilidade e inclusão nas urnas

Eleitores contam como o direito ao voto se universalizou no Brasil nas últimas décadas

Jorge Graciano Ezequiel, 74, tirou o título de eleitor pela primeira vez aos 38 anos, em 1986, um ano depois que o voto passou a ser permitido para os analfabetos
Jorge Graciano Ezequiel, 74, tirou o título de eleitor em 1986, um ano depois que o voto passou a ser permitido para os analfabetos Alessandra Ribeiro | UFMG

Nas eleições de 2022, as urnas eletrônicas terão, pela primeira vez, vídeo com tradução em Libras, um novo recurso de acessibilidade para eleitores surdos. A voz sintetizada do equipamento que informa o cargo em votação e o nome do candidato escolhido também foi aprimorada. Eleitores cegos ou com baixa visão podem pedir fones de ouvido, disponíveis nas seções eleitorais, para poder usufruir desse recurso. 

Na primeira reportagem da série Acessibilidade e inclusão nas urnas, que estreou nesta quarta-feira, 28, durante o programa Conexões, da Rádio UFMG Educativa, eleitores com deficiência revelam como as urnas eletrônicas facilitaram o exercício da cidadania.

Maurício Zeni: voto em cédula de papel era escrito em Braille
Maurício Zeni: voto em cédula de papel era escrito em braille Imagem: Reprodução Zoom

O professor universitário Maurício Zeni, por exemplo, teve a experiência do voto na cédula de papel, escrito em braille. “A apuração tinha que ser, claro, feita por pessoas que conheciam braille, e o nosso voto era computado à parte”, conta. Antes das urnas eletrônicas, por muito tempo, o voto só era possível para eleitores cegos alfabetizados no sistema de escrita tátil. 

Para os demais eleitores, o conhecimento da Língua Portuguesa era pré-requisito indispensável, o que excluía, por exemplo, eleitores surdos alfabetizados em Libras, além dos analfabetos ‒ contingente que representava 25% da população em 1985, quando o voto deixou de ser proibido para esse público.

Cidadania

Josa: os pais andavam 14 quilômetros da comunidade quilombola de Bananal até a seção eleitoral mais próxima
Os pais de Josa andavam 14 quilômetros da comunidade de Bananal até a seção eleitoral mais próxima Foto: Acervo pessoal

O processo de inclusão de indígenas e quilombolas nas eleições, especialmente em comunidades remotas, é o assunto da segunda reportagem da série, que será veiculada nesta quinta, 29. A dona de casa Maria José Assunção Martins, mais conhecida como Josa, de 59 anos, vive desde os cinco na comunidade quilombola Bananal, no município de Jeceaba, Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). Ela se lembra de quando os pais tinham que caminhar aproximadamente 14 quilômetros até a comunidade de Chacrinha, no município de Belo Vale, para votar. “Eles levavam o dia todo”, conta.

Na sexta-feira, 30, o tema da terceira reportagem será a inclusão de pessoas analfabetas e semialfabetizadas. O operador de caldeira aposentado Jorge Graciano Ezequiel, de 74 anos, tirou o título de eleitor pela primeira vez aos 38 anos, em 1986, um ano depois que o voto passou a ser permitido para os analfabetos no país. “Geralmente, [para o] candidato principal a gente já tinha o costume de ‘decoração’, e entendia o nome e a numeração”, conta. Hoje, ele é aluno do Projeto de Ensino Fundamental de Jovens e Adultos (Proef) da Faculdade de Educação (FaE) da UFMG e se prepara para começar também um curso de informática.

A série Acessibilidade e inclusão nas urnas tem produção de Alessandra Ribeiro e Joabe Andrade e sonorização de Cláudio Zazá. A identidade sonora foi criada por Felipe Assumpção. A programação da Rádio UFMG Educativa pode ser ouvida na frequência 104,5 FM, na RMBH, e na página da emissora hospedada no Portal UFMG.

Ouça a primeira reportagem da série: