Arte e Cultura

Em livro, professor da Fafich investiga sociedade do século 19 que ‘mentia aos mentirosos’

Obra resgata trajetória de Francisco de Paula Brito, pioneiro na edição de impressos no Brasil, e um dos fundadores da irmandade

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Livro aborda funcionamento da Petalógica
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Na segunda metade do século 19, o tipógrafo Francisco de Paula Brito era dono de uma livraria no bairro do Catete, no Rio de Janeiro. O local foi o berço da polêmica Sociedade Petalógica que, sob o mote de ‘contrariar os mentirosos, mentindo-lhes’, semeou um debate público cético e jocoso de inédita liberdade.

Nas reuniões da Petalógica, personalidades que constituíam a elite intelectual e política da época – do Barão do Rio Branco ao jovem Machado de Assis –encontravam-se com uma massa de anônimos.

Esse contexto é retratado no livro Corpo sem cabeça: o tipográfo-editor e a Petalógica, do professor Bruno Guimarães Martins, do Departamento de Comunicação da Fafich. Na obra, publicada pela Editora UFMG, ele faz uma análise dos primórdios da inauguração do espaço letrado no Brasil Império, com base na trajetória do editor pioneiro Francisco de Paula Brito, que viveu de 1809 a 1861. 

Corpo sem cabeça será lançado neste sábado, 16, às 11h, na Quixote Livraria e Café, que fica na Rua Fernandes Tourinho, 274, Savassi. O livro tem apresentação de Karl Erik Shøllhammer, prefácio de Emílio Maciel e posfácio de Ana Utsch.

Editor da voz
Na obra, Francisco de Paula Brito é apresentado como 'editor da voz', ao observar a curiosa sociedade que praticava uma espécie de performance ficcional. Para trazer ao leitor contemporâneo esse ambiente cômico e literário da Petalógica, o livro apresenta transcrições das reuniões e rico acervo iconográfico de impressos e imagens da época.

Sob uma perspectiva de história material da mídia, Corpo sem cabeça também analisa a intersecção entre o sistema oral fortemente consolidado e as possibilidades de uma nova dinâmica gráfica que, impulsionada pelo avanço da tipografia, demarcou o lugar e a particularidade da dimensão literária no desenvolvimento da imprensa no Brasil.

Bruno Guimarães Martins é doutor em Literatura pela PUC-Rio e professor do Departamento de Comunicação Social da UFMG. É autor de Tipografia popular: potências do ilegível na experiência do cotidiano (2007) e pesquisador em história dos meios de comunicação no Brasil, historiografia, memória, cultura gráfica, estética e processos criativos.

LivroCorpo sem cabeça: o tipógrafo-editor e a Petalógica
Autor: Bruno Guimarães Martins
Área: História
Coleção: Origem
Preço: R$54

Com Assessoria de Comunicação da Editora UFMG