'Sonho de criança': calouros chegam à UFMG dispostos a aproveitar oportunidades
Novos estudantes foram recebidos com informações sobre ensino, pesquisa, extensão, cultura, assistência e internacionalização

A UFMG é uma das quatro universidades federais, entre as 69 brasileiras, com uma pró-reitoria de cultura institucionalizada para implementar políticas para fomentar a cultura como dimensão acadêmica. Também na UFMG é possível cursar, além das disciplinas regulares, formações transversais em 11 diferentes temáticas e complementar a trajetória com atividades em programas, projetos e eventos, inovar e empreender.
Essas e outras peculiaridades, que tornam a instituição mineira uma das melhores do país, foram apresentadas aos cerca de 3 mil novos ingressantes, cuja trajetória na instituição teve início na manhã desta segunda-feira, dia 11, com uma ampla programação de acolhimento.
“Estou muito ansiosa e, ao mesmo tempo, muito feliz, como uma criança realizando um sonho”, conta Natália Rodrigues, 19 anos, caloura do curso de Letras, ao lado do colega Matheus Amaro, que conheceu na sala de espera da banca de heteroidentificação. “Eu já conhecia a UFMG de outras oportunidades, quando vim à Faculdade de Educação, para a palestra de um professor que fez seu mestrado lá, e também quando fui modelo para uma amiga do curso de Moda. Mas hoje, pude confirmar as tantas oportunidades e apoio que são oferecidos aos estudantes e estou disposta a aproveitar todas, especialmente na área da pesquisa”, relatou a garota.

As esperanças de Natália foram reforçadas pelo pró-reitor de Graduação, Bruno Otávio Soares Teixeira, que destacou o diferencial dos percursos oferecidos nos 97 cursos da UFMG. Ele apresentou a flexibilidade do currículo, composto pelo Núcleo Específico, que dá identidade à escolha formativa do estudante, mais as oportunidades ofertadas pelos núcleos Geral, Complementar e Avançado. “Um diferencial inovador, que passou a ser ofertado pela UFMG e que contribui para o crescimento pessoal e da carreira dos futuros profissionais. Queremos que vocês aproveitem todo esse diferencial para que se conheçam e transformem a si mesmos e ajudem a transformar nosso país”, afirmou.
Os colegiados dos cursos também foram apresentados pelo pró-reitor como lugar prioritário para que os estudantes busquem se informar sobre as regras acadêmicas do ensino superior (também disponíveis no site da Prograd), aproveitamento de estudos, planejamento do percurso, trancamento de disciplinas e condições de permanência na Universidade, como as oferecidas pelo Regime Acadêmico Especial (Raep).

Tão longe, tão perto
A pós-graduação pode parecer um horizonte distante para o estudante que acaba de ingressar na graduação, mas ela pode proporcionar uma carreira acadêmica de sucesso e oportunidades de ocupação e renda, afirmou a professora Isabela Pordeus, pró-reitora de pós-graduação na apresentação Por que o/a calouro já deve pensar na pós-graduação.
Em sua fala, Isabela traçou um panorama da pós-graduação da UFMG, que conta com 79 programas acadêmicos e 12 mestrados profissionais. “Agora, em agosto, começam a funcionar o doutorado em Matemática e o mestrado profissional em Alfabetização, ambos em rede nacional [com outras instituições]”, informou.
A professora também apresentou dados nacionais da pós-graduação com recortes em empregabilidade, renda e gênero para mostrar que os níveis de escolaridade continuam sendo um fator decisivo de mobilidade social. Profissionais com mestrado, por exemplo, recebiam, em média, no ano passado, 83% a mais do que graduados sem pós-graduação. Entre os doutores, a remuneração média, por sua vez, era 35% superior à dos mestres.
Apesar das boas perspectivas de sucesso profissional, a pós-graduação brasileira também reproduz assimetrias de gênero, fenômeno observado em outras áreas. Segundo a pró-reitora, mesmo em campos ‘ditos’ femininos, a remuneração das mulheres costuma ser inferior à dos homens, caso das ciências sociais, em que a diferença chega a 30% (mestras) e 23% (doutoras).
Esporte e lazer
“Poucas universidades do mundo têm um espaço como o CEU”, afirmou a diretora do Centro Esportivo Universitário, Ana Cláudia Couto, no início de sua apresentação sobre o espaço esportivo da UFMG, criado em 1971, seis anos após a inauguração do estádio Mineirão.
O CEU tem área de 140 mil metros quadrados, por onde se distribuem cinco quadras de tênis de saibro, uma de beach tennis e vôlei de praia e uma de tênis rápido revestida de cimento. Ela também citou a piscina olímpica de 50 metros, que está sendo reformada e em breve estará disponível para a comunidade. “Vocês vão usar muito essa piscina não só para a prática esportiva, mas também para o lazer”, disse a diretora, referindo-se ao fato de que ela passará a ter profundidade entre 1,65 metro e 1,55 metro e não mais de 2,20 metros. A mudança possibilitará que o equipamento atenda crianças e adultos em aulas de natação e hidroginástica.
“A principal missão do CEU é desenvolver a política de esporte universitário da UFMG, com atividades de ensino, pesquisa e extensão, além ser um espaço de treinos para as atléticas e para a prática esportiva individual”, reforçou Ana Cláudia Couto.
Para Matheus Amaro, colega da caloura Natália, no curso de Letras, as palestras sobre as atividades esportivas e de lazer no Centro Esportivo Universitário e, sobretudo sobre a pós-graduação o deixaram “ainda mais animado”. “Eu nasci em São Paulo, morei muitos anos no Ceará e vim do Rio de Janeiro para a UFMG. Acho que tinha mesmo que ser aqui. A UFMG me escolheu”, comemorou.
Tudo misturado
Um panorama da área de pesquisa da UFMG foi apresentado aos calouros pela pró-reitora adjunta de Pesquisa, Jacqueline Takahashi. “A nossa pesquisa está dividida em muitas áreas, mas é tudo muito misturado”, disse ela, referindo-se à inter e transdisciplinaridade que hoje caracterizam a investigação científica da Universidade.
Essa “mistura”, segundo ela, é fundamental para vencer desafios globais, como a fome. “Não basta só envolver pesquisadores da área de alimentos. Existem, por exemplo, tecnologias agrícolas e estudos da área econômica que ajudam a enfrentar o problema. Tudo está integrado” reforçou ela.
Dados sobre patentes, licenciamento de tecnologia e incubação de empresas foram apresentados pela pró-reitora. Ela também mencionou inovações nascidas nos laboratórios da UFMG que hoje podem ser usufruídas pela sociedade, como a vacina que protege tilápias contra a estreptococose, um produto contra a calvície e o nanoscópio Porto, equipamento de espectroscopia com aplicação na área de nanotecnologia.
Takahashi também exibiu slide com um mapa que mostra os vários acordos de cooperação firmados com instituições de todo mundo e destacou que os calouros também podem ingressar rapidamente no universo da pesquisa por meio da iniciação científica.

Marília Faria, líder de incubação da Inova Empresa de Incubação da UFMG, reforçou a possibilidade de participação dos calouros nas atividades e projetos de inovação tecnológica e desenvolvimento de patentes, logo no início do curso. Ela explicou conceitos e procedimentos do processo de produção de patentes, que na UFMG tem o apoio da Coordenadoria de Transferência e Inovação Tecnológica (CTIT), à qual a Inova é vinculada.
“A perspectiva de melhoria de um produto ou processo possibilita que a inovação tecnológica se materialize desde vacinas, como a vacina SpiN-TEC (contra a covid-19), até equipamentos como o nanoscópio Porto, passando por know how (modos de fazer). “Daí a importância do tripé ensino, pesquisa e extensão, dimensões constituintes das universidades e que podem ter participação de professores, alunos e servidores técnico-administrativos, tanto como voluntários quanto como inventores. A inovação é para romper fronteiras e pode ser proposta por todos”, afirmou.
Ainda segundo Marília, a Inova e a CTIT estão abertas para orientar, informar, oferecer apoio jurídico e indicar os caminhos para todos que queiram oferecer algo à sociedade. “Basta bater na porta e compartilhar sua ideia e desejo. Ser estudante da UFMG dá acesso a essas possibilidades”, convidou.

Para o calouro do curso de Pedagogia Yago Cauã Dias Alves, 22 anos, que se mostrou interessado pela temática, essa foi uma oportunidade de conhecer mais uma área, sobre a qual pretende compartilhar com seus futuros alunos: “Eu me considero um autodidata e, como quero ser professor, vou aproveitar essas informações para orientar e incentivar meus alunos. Estou gostando muito dessa recepção, porque cheguei um pouco voado, sem saber como seria, mas os professores estão muito disponíveis para esclarecer nossas dúvidas e nos orientar. Está sendo muito mais flexível do que eu pensei”.
Políticas de permanência e saúde mental
A presidente da Fundação Mendes Pimentel (Fump), Teresa Kurimoto, contou que a instituição, com seus quase 96 anos, executa e participa do planejamento de uma “robusta política de permanência na UFMG, que em 2024 investiu R$24 milhões e atendeu 9.225 estudantes”. Ela apresentou aos recém-chegados a possibilidade da avaliação socioeconômica realizada pela Fundação para alcançar estudantes conforme sua classificação nos níveis I, II, III ou IV, conforme seus graus de vulnerabilidade.

Kurimoto destacou o programa de alimentação subsidiada, que beneficia toda a comunidade acadêmica, com refeição balanceada e de baixo custo, oferecida nos Restaurantes Universitários (RU) e a atenção à saúde básica, além dos programas destinados aos estudantes em condição de maior vulnerabilidade social e econômica, como a moradia universitária (com 948 vagas em Belo Horizonte, 148 em Montes Claros e 40 vagas nas casas-bioma para estudantes indígenas), o suporte financeiro, a acessibilidade (parceria com o Núcleo de Acessibilidade e Inclusão, o NAI), além do projeto Travessia e ações pedagógicas.
Teresa Kurimoto, que também integra a Comissão Permanente de Saúde Mental da Universidade, explicou “os princípios e diretrizes da política institucional que priorizam o acolhimento, o respeito à diversidade, o protagonismo de quem tem vivência de sofrimento psíquico e o enfrentamento à violação de direitos humanos”.
Os estudantes foram orientados a buscar os núcleos de acolhimento nas unidades acadêmicas, na Pró-reitoria de Assuntos Estudantil (Prae), na Fump, na Central de Saúde Mental do NAI, nos colegiados dos cursos e ainda nos coletivos de movimento estudantil.
Galeria, museus, festivais, feiras...
“A UFMG não é somente sala de aula e estudo nas bibliotecas. A UFMG também é galeria, é exposição, museus, festivais, feiras. A transdisciplinaridade da cultura permite sua dimensão acadêmica, que deve ser um direito acessível para todos”, afirmou a coordenadora de Políticas Culturais da Pró-reitoria de Cultura, Thobila Gabriela de Lima Costa Souza. Ela apresentou as principais ações da Procult, desde as já tradicionais, como o grupo Sarandeiros e o Quarta Doze e Trinta, ambos com mais de quatro décadas de fundação, às mais recentes, como o Mapeamento Cultural, implementado para identificar os talentos artísticos da Universidade.

Na opinião do calouro do curso de Teatro Alexandre de Medeiros Freire, “a UFMG é, realmente, um lugar de muitas possibilidades”. Na sua segunda graduação na Universidade, onde também é servidor técnico-administrativo, lotado na Biblioteca Central, Freire buscou o curso de Teatro por se sentir “muito introspectivo” e para “aproveitar as oportunidades que a Universidade oferece, com a maturidade de quem já passou pela ansiedade da primeira graduação e agora quer usufruir com mais prazer tudo de bom que a UFMG oferece”. Ele pontuou as atividades culturais e os programas de assistência da Fump, como a refeição subsidiada, e aproveitou para sugerir uma campanha de conscientização contra o desperdício nos RUs.
A reitora Sandra Regina Goulart Almeida e o vice-reitor Alessandro Fernandes Moreira passaram rapidamente por todos os auditórios para reafirmar a mensagem de boas-vindas aos estudantes veiculada por meio de vídeo e carta. Segundo a reitora, “o desejo é de que todos vivam a UFMG, se orgulhem dessa Universidade que é patrimônio de todos e do país".

A TV UFMG acompanhou a recepção aos calouros do noturno. Assista à reportagem.