Ensino

UFMG integra projeto de formação de professores da educação básica no Norte de Minas

Iniciativa reúne também Unimontes, IFNMG, UFVJM e os governos do estado e de Montes Claros

O diretor do campus regional da UFMG, Helder Augusto (à direita, de paletó marrom), e o professor António Nóvoa (à esquerda, de terno azul) participaram de reuniões em Montes Claros
O diretor do campus regional da UFMG, Helder Augusto (à direita, de paletó marrom), e o professor António Nóvoa (à esquerda, de terno azul) participaram de reuniões em Montes Claros Foto: Assessoria de Comunicação da Unimontes

Foi realizado ontem (quinta, 31), em Montes Claros, o Seminário Interinstitucional Um espaço comum da formação de professores da educação básica, com a participação do professor António Nóvoa, da Universidade de Lisboa.

O evento teve lugar na Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes) e foi realizado em parceria com a UFMG, o Instituto Federal do Norte de Minas Gerais (IFNMG) e a Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e do Mucuri (UFVJM).

Nóvoa teve encontros com representantes do Movimento Rede Mineira de Formação de Professores, fórum que reúne membros de instituições de ensino superior públicas do Norte de Minas e dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri. Também se reuniu com dirigentes das instituições promotoras do evento, entre os quais, o diretor do campus regional da UFMG em Montes Claros, Helder dos Santos Augusto.

Um dos pontos abordados nessa reunião foi a evasão de alunos nas universidades, especialmente nos cursos de licenciatura, que formam professores. António Nóvoa salientou que o fenômeno demonstra a necessidade de uma série de intervenções e mudanças. “Temos que entender que a formação de professores e o interesse pelos cursos de licenciatura não estão relacionados apenas à remuneração na área. E as universidades têm muita responsabilidade para tratar da questão”, disse o professor português, que é catedrático do Instituto de Educação e reitor honorário da Universidade de Lisboa.

Centro interinstitucional
No encontro na Unimontes, foram apresentadas e debatidas políticas institucionais destinadas a aproximar as instituições de ensino superior da educação básica, fortalecendo a formação de professores. Um dos resultados do evento é a decisão de consolidar o Centro Interinstitucional de Formação de Professores e Profissionais da Educação Básica (Cifop), iniciativa das universidades e das secretarias de Educação do estado e de Montes Claros.

Dois novos cursos de licenciatura serão oferecidos pelo campus regional da UFMG em Montes Claros: Matemática e Ciências da Natureza (com habilitação em Ciências Biológicas, Química ou Física). A coordenadora da Rede Mineira de Formação de Professores e pró-reitora adjunta de Graduação da UFMG, Maria José Flores, esteve reunida com coordenadores de cursos, representantes da Unimontes e com o professor António Nóvoa. Flores falou sobre a importância da criação de um centro de formação para a educação básica, projeto que deve ser implantado em Montes Claros: “Os professores compõem a maior população de profissionais, principalmente na rede pública do Brasil. E a gente carece de uma formação que valorize e exalte o saber do professor no trabalho cotidiano. Temos também o esvaziamento dos cursos de formação de professores, no sentido da atratividade. Então é necessário unir instituições de ensino superior e as escolas de Educação Básica em prol de uma formação e da própria profissão”, disse Maria Flores.

Seminário
À noite, a Unimontes sediou a abertura do seminário Um espaço comum da formação de professores da Educação Básica. Durante a solenidade, o professor Hélder dos Anjos Augusto ressaltou os desafios dos educadores no contexto atual e a importância da união entre as instituições de ensino nesse cenário. “Temos um desafio muito grande pela frente, e o enfrentamento a ele está sendo inspirado pelo professor Nóvoa. Entendemos que é necessário atualizar as nossas Diretrizes Nacionais Curriculares, mas também que estão em andamento transformações sociopolíticas que geram novas demandas. Precisamos entender qual é de fato o papel do professor, qual é hoje a sua função social”, destacou o diretor do campus regional da UFMG.

Antônio Nóvoa afirmou que o espaço dos professores tem diminuído. “Os professores têm perdido espaço nas políticas públicas, na sociedade. As grandes indústrias e empresas tecnológicas inventam materiais atrás de materiais e reduzem o trabalho autoral dos professores, que são diminuídos também, muitas vezes, pela sociedade e pelas famílias que interferem sistematicamente em seu trabalho. Esse é um problema de todos os professores, em todo o mundo. Precisamos aumentar o espaço dos professores”, enfatizou.

Nóvoa externou uma proposta para o Dia Mundial do Professor em 2025. “É preciso que, na dimensão pública, sejamos capazes de resgatar a grande missão humanista dos professores. Nos últimos 50 anos, temos falado das competências, dos conhecimentos, das capacidades, das técnicas, das ciências. Temos falado muitas coisas sobre os professores, mas não suficientemente da sua missão humanista, sua missão em defesa dos direitos humanos em um momento em que a defesa dos direitos humanos é a grande fronteira civilizacional. Os professores são, acima de tudo, aqueles que conduzem as crianças à humanidade em seu sentido pleno”, concluiu.

Ana Cláudia Mendes | Cedecom Montes Claros, com Assessoria de Comunicação da Unimontes