A professora Patrícia Kauark-Leite, do Departamento de Filosofia da Fafich, lança neste sábado, 1º de outubro de 2022, em Belo Horizonte, o livro Teoria quântica e filosofia transcendental – Diálogos possíveis (Editora UFMG). O evento será na Quixote Livraria e Café (Rua Fernandes Tourinho, 274, Savassi).

A obra, já lançada em edição francesa pela editora Hermann, analisa, do ponto de vista filosófico, na perspectiva kantiana, as principais mudanças introduzidas pela teoria quântica no que diz respeito à questão da objetividade das teorias físicas.

O livro deriva de tese de doutorado defendida em 2004 na École Polytechnique, em Paris, França, sob orientação de Michel Bitbol, pesquisador consagrado na área da filosofia da mecânica quântica.

Patrícia Kauark-Leite comenta que Immanuel Kant (1724-1804) tomou a física newtoniana como referência para investigar até que ponto é possível estender as pretensões de conhecimento. “Ele procurou evidenciar as condições ditas ‘transcendentais’ que fazem da física um conhecimento objetivamente válido, em resposta ao desafio cético proposto pelo filósofo empirista David Hume”, disse a professora em entrevista ao Portal UFMG em 2012, na ocasião do lançamento da edição francesa, que rendeu a Patrícia prêmio da Academia de Ciências Morais e Políticas da França.

Mas, como lembrou a física e filósofa, a teoria quântica, introduzida no século passado, subverteu por completo o modo de compreensão dos eventos físicos. “Lançou novos desafios em relação não apenas às nossas pretensões de objetividade, mas sobre a realidade dos termos teóricos introduzidos pelas teorias físicas e sobre o ideal de completude almejado. Minha tarefa nesse livro foi investigar se a perspectiva transcendental, como proposta por Kant, permanece uma alternativa epistemológica viável, dadas as mudanças introduzidas na física do século 20, em particular pela mecânica quântica padrão.”

Em texto para a orelha do volume, o filósofo Guido Antônio de Almeida, professor aposentado da UFRJ, afirma que o livro de Patrícia Kauark-Leite faz “uma exposição sistemática e um excelente balanço crítico das principais interpretações da epistemologia kantiana que, a partir de E. Cassirer [filósofo alemão], reconhecem a necessidade de alargar ou transformar as ideias de Kant sobre as condições de possibilidade do conhecimento matemático da natureza, tal como o encontramos realizado na física clássica, a fim de torná-las compatíveis com os novos e revolucionários pressupostos da física quântica”.