Evento acadêmico

Sexta, às 19h: mesa-redonda vai tratar de palavras e sentenças em ‘Electra’, de Sófocles

O projeto UFMG Noturna promoverá a mesa-redonda ‘Electra’, de Sófocles, na próxima sexta, 30 de setembro de 2022, com exposições dos helenistas Rafael Silva, doutor em filosofia pela UFMG, e Orlando Araújo, professor de Letras Clássicas na Universidade Federal do Ceará. A moderação será feita pelo mestrando em filosofia Eduardo Rodrigues. O evento será on-line, via Zoom, e aberto ao público.

As sentenças valem mais do que a força do braço? é o título-provocação da apresentação de Orlando Araújo. Ao anunciar sua abordagem, ele explica que Electra, de Sófocles, como todas as tragédias sobre a Casa dos Atridas, põe em cena uma “discussão política” na esfera de uma família disfuncional. Na narrativa mítica, Agamêmnon sacrifica a própria filha, e esse ato desencadeia outras mortes no seio familiar. “Tomando, por exemplo, o retorno de Orestes e o ato perpetrado por ele e Electra como ações para se pensar a dimensão “política” da peça, pretendo apresentar uma leitura que privilegie as máximas e sentenças gerais que permitem ao espectador/leitor da tragédia refletir acerca do conflito que envolve as relações de parentesco e o matricídio”, diz o professor da UFC.

Rafael Silva vai tratar da ação das palavras na Electra de Sófocles. Ele destaca que a tragédia costuma ser interpretada a partir de uma dicotomia entre os longos discursos lúgubres de Electra (sobretudo na primeira metade da peça) e a eficiência das ações executadas por Orestes que levam ao desenlace da trama. “Explorando a dimensão performativa dos atos de fala da peça, pretendo propor uma consideração sobre o papel desempenhado por Electra no enredo trágico. Minha interpretação leva em conta certas estranhezas do texto, a fim de sugerir uma compreensão coerente de detalhes da cena em que Clitemnestra é assassinada, bem como da conclusão aparentemente amoral sugerida pela forma como a peça se encerra”, comenta.

As inscrições devem ser feitas até sexta, 30, às 15h, em formulário eletrônico.

Os palestrantes
Orlando Luiz de Araújo leciona nos cursos de graduação em Letras e Teatro e na pós-graduação em Letras/Literatura Comparada da UFC. É doutor e mestre em Letras Clássicas pela USP. Traduziu Electra de Sófocles e organizou em coautoria Literatura, sociedade e interdisciplinaridade: Articulações literárias, Identidade e alteridade no mundo antigo, Performance e oralidade no mundo antigoO riso no mundo antigo e Ensaios em Estudos Clássicos.

Araújo é membro do Grupo de Pesquisa Estudos sobre o Teatro Antigo (USP/CNPq) e do Núcleo de Cultura Clássica (UFC/CNPQ). Fez estágio de pós-doutorado no Centro de Estudos Clássicos da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Atualmente, pesquisa o deslocamento físico e cultural na literatura grega antiga, projeto que envolve tradução e o estudo da relação entre literatura, teatro, história e mitologia.

Rafael Silva é estudioso da área de Clássicas, com doutorado e mestrado em Estudos Literários, bacharelado em Grego Antigo e licenciatura em Português-Francês, sempre pela UFMG. Defendeu a monografia Uma poética de Platão, a dissertação Arqueologias do drama e, recentemente, sua tese O Evangelho de Homero: Por uma outra história dos Estudos Clássicos.

Na Faculdade de Letras da UFMG, foi professor voluntário do Apoio Pedagógico, coorganizador do Seminário do Núcleo de Estudos Antigos e Medievais (2017-21) e editor da revista Em Tese (2018-21). Publicou capítulos, artigos e livros sobre diversos temas de Literatura, Filosofia e História, além de teoria e prática de Tradução e Educação.

Todo mês
UFMG Noturna é atividade mensal que atende os estudantes do período noturno, mas é aberta a qualquer interessado. Neste semestre, ela está ligada à  disciplina optativa Tópicos em Filosofia Antiga: As tragédias sobre Electra (e Medeia) – considerações filosóficas sobre filicídio e matricídio, do Departamento de Filosofia da UFMG, ministrada pela professora Maria Cecília de M.N. Coelho. 

Descrição Imagem
Irene Papas (à esquerda, com Aleka Katselli) foi Electra no filme homônimo de Michael Cacoyannis (Grécia, 1962) Foto: Divulgação