À luz da avaliação da Capes, UFMG fará análise detalhada de sua pós-graduação
Instituição vai solicitar criação de doutorados para compor programas com mestrados que receberam nota 4
Até o fim de outubro, a UFMG vai encaminhar à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) pedidos de criação de novos cursos de pós-graduação. Entre eles, a Pró-reitoria de Pós-graduação (PRPG) está analisando propostas de doutorados para compor programas com mestrados que, na avaliação quadrienal divulgada nesta semana, passaram a ter nota 4, depois de longo período avaliados com 3.
Para a pró-reitora de Pós-graduação, Denise Trombert, os programas que passaram de 3 para 4 – Análise e Modelagem de Sistemas Ambientais, Ciências Fonoaudiológicas e Ciências Aplicadas à Cirurgia e à Oftalmologia – são exemplos de trajetórias bem-sucedidas que incluíram ajustes específicos, com base nas indicações da Capes. “O curso de Análise e Modelagem de Sistemas Ambientais, por exemplo, solicitou e obteve autorização para mudança de área de avaliação. Foi um ajuste importante, que permitiu ao programa ‘achar o seu lugar adequado’. Aplicado o conjunto de critérios da nova área, ele se saiu bem e tende a crescer”, comenta a professora.
Quedas pontuais
Apesar do “excelente desempenho” na última avaliação da Capes, a professora lembra que a UFMG teve alguns programas que caíram de conceito e dois doutorados –Engenharia Química e Saúde da Mulher – receberam indicação para encerrar as atividades. Segundo Denise Trombert, ambos terão de fazer um trabalho de reconstrução de seus indicadores para que, na avaliação quadrienal de 2021, possam retornar à nota 4, e, só então, pleitear novamente a criação de doutorados.
A pró-reitora lembra que houve resultados indesejáveis e inesperados em áreas como as engenharias – Construção Civil, Engenharia Elétrica, Engenharia de Estruturas, Engenharia Mecânica e Engenharia Química – e na Educação. Em cada caso, as fichas de avaliação estão sendo analisadas para diagnóstico da situação dos programas em relação às áreas em que se inserem, visando a possíveis pedidos de reconsideração. “Vamos conversar com os gestores dos programas e das unidades acadêmicas envolvidas, para identificar se o desempenho insatisfatório foi uma infeliz coincidência, e o que pode ter passado despercebido nesse período que precisa ser revisto para retomar a trajetória de crescimento esperada”, afirma.
Denise Trombert explica ainda que, depois de um primeiro olhar sobre as notas recebidas pela UFMG, é o momento de analisar as fichas de avaliação de cada curso, começando por aqueles que tiveram baixo desempenho, pois há prazo para pedidos de reconsideração junto à Capes. “Temos de verificar cada caso. Se a crítica procede, vamos trabalhar para melhorar os resultados”, pondera.
Em seguida, serão examinadas as fichas dos programas que mantiveram a nota quando havia expectativa de ascensão. “Se não concordarmos com a crítica recebida e tivermos argumentos consistentes, apoiaremos os programas que desejarem recorrer. Nos próximos dias, a Pró-reitoria de Pós-graduação vai analisar todas as fichas de avaliação emitidas pela Capes, porque mesmo em programas com nota 6 aparecem recomendações que ajudam a nos mover no sentido da excelência, já que a meta deve ser 7 para todos os programas”, enfatiza Denise Trombert.
Ela ressalta a qualidade dos critérios utilizados pela Capes, lembrando que são elaborados pela própria comunidade acadêmica – docentes de diversas instituições, muitos da UFMG, compuseram as comissões de avaliação das 49 áreas. Para Denise Trombert, o desempenho de um programa é influenciado por diversos fatores.“Não é uma equação simples. Trata-se de algo complexo, cheio de aspectos qualitativos”, diz a pró-reitora, citando como indicadores de sucesso o nível de dedicação das coordenações, o comprometimento dos colegiados e dos corpos docente e discente, o apoio da Pró-reitoria e de uma boa secretaria: “Cursos bem-sucedidos também contam com secretarias bem estruturadas e com bons técnicos que respaldam os alunos nos laboratórios. A falta de qualquer uma dessas peças faz diferença".
Autoavaliação como rotina
Entre outras ações, a Pró-reitora de Pós-graduação promoverá eventos com participação de coordenadores de áreas de avaliação da Capes e dos programas da instituição, para que as boas práticas sejam socializadas para a comunidade da pós-graduação. Denise Trombert destaca que também é indispensável o exercício da autoavaliação, que deverá ser estabelecido como rotina institucional. Essa prática já é adotada por muitos programas bem consolidados. “O Programa de Pós-graduação em Bioquímica e Imunologia, continuamente avaliado com a nota 7, trouxe ao nosso conhecimento o relatório de uma avaliação externa a que se submeteu por iniciativa própria no mês passado. Isso mostra que o segredo de se manter bem avaliado passa pela abertura à crítica fundamentada e pelo trabalho contínuo para a consecução de indicadores de excelência. É um exemplo a ser seguido”, afirma a pró-reitora.