Pesquisa e Inovação

Com participação da UFMG, estação brasileira de pesquisa na Antártica será reinaugurada

Professor do ICB que lidera pesquisa da Universidade no continente trabalha na instalação dos equipamentos da nova base e realiza os primeiros experimentos em seus laboratórios

Com área de aproximadamente 4,5 mil metros quadrados e 17 laboratórios, construção da nova EACF custou cerca de R$ 300 milhões
Com área de 4,5 mil metros quadrados e 17 laboratórios, nova EACF custou cerca de R$ 300 milhões Divulgação MycoAntar / UFMG

Na próxima terça-feira, 14, a Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF) – base brasileira de pesquisas localizada na ilha de Rei George, na Antártica – será reinaugurada. Ela foi destruída no início de 2012, em razão de um incêndio. A inauguração será transmitida em tempo real pela Empresa Brasileira de Comunicação (EBC).

Convidado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) e pela Marinha do Brasil, o professor do Departamento de Microbiologia da UFMG Luiz Henrique Rosa está colaborando com a montagem e instalação dos equipamentos da nova estação.

“Embarquei para Antártica no início de novembro de 2019 e permanecerei na estação até a sua inauguração no dia 14. Estou realizando os primeiros experimentos na nova EACF e testando os equipamentos e a estrutura dos novos laboratórios”, conta o professor, que tem um histórico de 14 anos de atuação no Programa Antártico Brasileiro (Proantar), com a participação em 12 operações antárticas.

Gerenciado pelos ministérios da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), Relações Exteriores (MRE) e da Defesa (MD), o Proantar é a instância do governo federal que coordena a pesquisa em toda a região da Antártica e mantém a Estação Comandante Ferraz. As Operações Antárticas são as expedições ao continente no âmbito desse programa.

UFMG na Antártica
Luiz Rosa é o líder do Mycoantar, projeto do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) por meio do qual são realizados estudos sobre a diversidade de fungos presentes em diferentes ambientes da Antártica, com o objetivo de avaliar a possibilidade de catalogá-los e utilizá-los como fonte de antibióticos para uso na medicina. Além do Mycoantar, a UFMG conta com dois outros projetos no âmbito do Programa Antártico Brasileiro: o Mediantar e o Laboratório de Estudos Antárticos em Ciências Humanas (Leach).

O Mediantar reúne investigações sobre os efeitos que o ambiente inóspito da Antártica – e o isolamento que é inerente a ele – gera ou pode gerar na saúde dos pesquisadores e militares que trabalham no continente, do plano fisiológico ao psicológico. Com foco em um programa de medicina polar, o projeto é coordenado por Rosa Maria Esteves Arantes, professora do Departamento de Patologia do ICB.

No âmbito do Leach, pesquisadores investigam – por meio da recuperação de artefatos arqueológicos – a dinâmica social e os modos de vida estabelecidos nas primeiras ocupações da Antártica, entre os séculos 18 e 19. O laboratório é coordenado por Andrés Zarankin, professor do Departamento de Antropologia e Arqueologia da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (Fafich).

“Ao longo dos últimos anos”, afirma Luiz Rosa, “esses projetos vêm representando a UFMG no Proantar com alta produção científica em pesquisas sobre microbiologia, arqueologia e medicina antártica”. A partir de 2012, essas pesquisas continuaram sendo realizadas com o suporte dos Módulos Antárticos Emergenciais (MAEs), que foram instalados no continente para dar suporte às investigações em andamento até que a nova estação fosse reconstruída. Com a reinauguração da EACF, os projetos poderão intensificar sua atuação no continente.

Conforme informa Luiz Rosa, a estrutura da nova EACF, que custou cerca de R$ 300 milhões, tem área aproximada de 4,5 mil metros quadrados, que se dividem em seis setores distintos: privativo, social, serviços, operação/manutenção, módulos isolados e 17 laboratórios.

Assista a um dos vídeos da série produzida pela TV UFMG, em parceria com o MycoProjector, que registra a missão de pesquisa do MycoAntar no continente.

 

Ewerton Martins Ribeiro