Institucional

Departamento de História da UFMG: livre pensar é o maior valor

Muito já se disse nesses últimos dias em repúdio à truculência e ao cinismo da ação antidemocrática da Polícia Federal, com aval do poder judiciário, no Campus da UFMG e/ou em relação a alguns de seus dirigentes, professores e servidores, em 6 de dezembro último. Usou-se da truculência da condução coercitiva contra cidadãos que não tinham sido chamados a depor. Chegou-se ao cinismo de nomear a ação com um verso de uma canção de João Bosco e Aldir Blanc, que é um dos motes da luta democrática. 

Todos nós já assinamos muitas notas de repúdio; vários de nós já estiveram e estarão presentes em manifestações públicas contra esse tipo de ação e em defesa do Estado Democrático de Direito; alguns se mantiveram em vigília na porta da Superintendência da Polícia Federal, enquanto por lá estiveram coercitivamente aprisionados nossos colegas da UFMG; outros muitos participaram do abraço dado à Reitoria ainda no dia 6 de dezembro.
Esta nota quer explicitar o apoio solidário aos colegas levados violenta e coercitivamente à PF, quando nenhuma razão havia para que tal procedimento fosse adotado, a não ser a clara intenção de macular a imagem da universidade pública e de contrariar o anseio social de preservar a memória das atrocidades perpetradas pelo golpe civil-militar de 1964 e do subsequente movimento de anistia.


Não nos curvaremos ao arbítrio. Somos todos, professores do Departamento de História da UFMG, cidadãos livres e que têm a liberdade como valor maior. Pensamos livremente e não aceitamos que nos ameacem com a perda desse valor. Somos democratas e temos na democracia o fundamento mor de nosso exercício cidadão. Repudiamos a violência e a coerção imprópria e covarde.


Manifestamos aqui nossa solidariedade à nossa colega de Departamento Heloísa Maria Murgel Starling, ao nosso reitor Jaime Ramirez, à nossa vice-reitora Sandra Goulart de Almeida, à ex-vice-reitora Rocksane Norton, ao prof. Alfredo Gontijo de Oliveira e às servidoras Silvana Maria Leal Coser e Sandra Regina de Lima.


Somos pela transparência e legalidade de todas as ações investigativas e não nos colocamos acima da lei. No entanto, repudiamos a ação autoritária e mal intencionada, à revelia dos preceitos constitucionais e dos princípios democráticos.


Somos vigilantes e lutadores e não permitiremos retrocessos nas conquistas democráticas efetivadas após longo tempo de terror  –  terror que agora quer se apresentar como instrumento de ação de um governo impopular e ilegítimo.


Abaixo o terror anti-democrático! Viva o Estado Democrático de Direito!

José Newton Coelho Meneses – Chefe do Departamento de História/FAFICH-UFMG
Ana Paula Sampaio Caldeira – Vice-Chefa do Departamento de História/FAFICH-UFMG