Em debate na Reitoria, jovens apontam prioridades para garantir inclusão e justiça social
Centenas de jovens participaram, na tarde desta quarta-feira, 22, no auditório da Reitoria, do debateQue Brasil queremos? O que dizem os/as jovens?. O evento reuniu representantes de coletivos e movimentos sociais, que apresentaram opiniões sobre temáticas diversas.
Com intensa participação do público, a atividade também contou batalhas de freestyle, competição de rimas de improviso e intervenções artísticas do DJ e educador social Russo Apr Apr e do grupo Nosso Sarau.
O diálogo foi promovido pela Rede Juventude UFMG, iniciativa da Pró-reitoria de Extensão (Proex) que articula acadêmicos de diversas ações extensionistas preocupadas com questões da juventude em áreas como direito, educação, saúde, cultura, trabalho e comunicação.
O debate foi mediado pelo professor Lucas Jerônimo Ribeira da Silva, do projeto Resolução de Conflitos e Acesso à Justiça (Recaj), da Faculdade de Direito.
“A UFMG recebe com muita alegria, nesse espaço, jovens de vários grupos e movimentos – do programa Ação Jovem da Cruz Vermelha, jovens que cumprem medidas socioeducativas, negros, negras, jovens de trajetórias populares, de periferias, LGBTs. É muito importante trazê-los para o auditório da Reitoria da UFMG, espaço simbólico para pensarmos esse novo momento, o contexto da Universidade, em um debate respeitoso, em que caiba a diversidade.”
Claudia Mayorga, pró-reitora adjunta de Extensão da UFMG
“Dizem para a juventude negra: ‘você não precisa estudar, não vai ser nada na vida’. Se ser preto é assim, ir pra escola pra quê, se o meu instinto é ruim e eu não consigo aprender?, parafraseando Mano Brown. Esses ensinamentos são violentos mas fazem parte da nossa formação. Mas temos que olhar nosso entorno e tentar interpretar criticamente o que está acontecendo. É histórico esse momento de entrar na Universidade pela porta da frente e ocupar esse espaço para debater quem sou, quem quero ser, que Brasil eu quero, como construir nossos sonhos a partir de possibilidade concretas. É preciso uma semente revolucionária em cada coração aqui presente para transformar o sistema e as instituições.”
Áurea Carolina de Freitas Silva, do Fórum das Juventudes da Grande BH
“O entendimento do meu lugar enquanto negro, pobre, preto e gay nessa sociedade machista me faz perceber que por meio da arte eu me fortaleço. A arte é um instrumento fundamental para que hoje eu possa andar de cabeça erguida. Nesse momento, o Brasil que queremos é um lugar possível de viver, onde possamos aprender a conviver, possamos ser, onde a justiça e a equidade sejam colocadas em primeiro lugar, e a cor da pele não seja fator de exclusão, onde a minha religiosidade possa ser exercida com dignidade e respeito, onde minha orientação sexual não seja vista como anomalia. Eu quero uma Belo Horizonte, uma Minas Gerais, um Brasil em que eu possa ser Evandro artista, negro candomblecista, gay, e tenha todos os meus direitos respeitados por ser eu: preto, pobre e gay.”
Evandro Nunes de Lima, da Rede AfroLGBT
“Um dos desafios do Brasil que queremos é fazer com que o jovem tenha qualidade de vida no meio rural, com acesso irrestrito às políticas públicas. Que a juventude seja reconhecida e valorizada, não apenas pelas atividades produtivas que desenvolve, mas enquanto sujeito que tem papel fundamental no desenvolvimento do meio rural. Um Brasil em que tenhamos direito de estar no campo com dignidade, com politicas públicas que garantam que a juventude ali permaneça. Só conseguimos entrar na agenda de pautas do Governo Federal e que nossas reivindicações constassem no Plano Nacional de Desenvolvimento Rural Sustentável e Solidário depois do ano 2000. Agora estamos diante de um cenário em que a Secretaria Nacional da Juventude foi cortada, e não sabemos o que será feito desse Plano pensado por tantos anos com intensa participação dessa juventude rural.
Marilene Faustino, do núcleo Juventude Rural, da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Minas Gerais (Fetaemg)
“A gente não quer só comida, a gente quer a ampliação dos direitos básicos. E a mobilidade urbana é um direito básico. O Tarifa Zero acredita no transporte como direito social. Nossa participação hoje nesse debate é para desmitificar a ideia de que a pauta do Tarifa Zero é assunto só da juventude, pois essa é uma pauta para todas as idades. Transporte coletivo é direito social, não tem como transitar por cidades como a nossa sem acesso à mobilidade urbana. E esta só será justa se o transporte público for direito, para nos movermos e ter acesso a tudo o que a cidade tem para oferecer.”
Annie Oviedo do movimento Tarifa Zero BH
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(Assessoria de Comunicação da Proex)