Saúde

Focado na relação entre tontura e cognição, estudo demonstra benefícios da reabilitação vestibular

Atividade melhora linguagem oral, escrita e atenção de idosos que sentem tonturas e atenua sintomas de depressão

ff
Reabilitação vestibular não exige equipamentos modernos e pode ser adaptada conforme a situação do paciente Foto: Proepsi/UFMG

Idosos apresentam melhora da cognição geral, das habilidades de orientação e aritméticas, das funções executivas, da memória, praxia e linguagem (oral e escrita) após a reabilitação vestibular. Essa é uma das conclusões da tese Efetividade da reabilitação vestibular no desempenho cognitivo de idosos com disfunção vestibular, defendida no Programa de Pós-graduação em Ciências Aplicadas à Saúde do Adulto da Faculdade de Medicina. 

Popularmente conhecida como tontura, a disfunção vestibular acomete o chamado sistema vestibular, responsável pelo equilíbrio geral do corpo. Mais comuns nos idosos, os sintomas são de fácil reconhecimento: sensação de rotação de cabeça ou do ambiente, às vezes associada a zumbido, dor de cabeça e enjoos.

“O ideal é que um médico otorrinolaringologista identifique se a tontura tem como causa um problema no labirinto. Dependendo do caso, utiliza-se medicação no momento de crises intensas", afirma o autor do estudo, o pesquisador Marlon Ribeiro.

Avaliação
O trabalho acompanhou 47 idosos durante oito sessões de reabilitação vestibular e avaliação cognitiva no Hospital São Geraldo, que é vinculado ao Hospital das Clínicas da UFMG. Houve melhora em habilidades cognitivas como linguagem oral, escrita, atenção, sintomas depressivos e funcionalidade.

Para o pesquisador, “é muito importante que a pessoa diagnosticada saiba que existe tratamento e que os medicamentos são apenas analgésicos”.

À medida que os idosos voltam a exercer as atividades cotidianas, como sair na rua e levantar da cama, sua qualidade de vida é beneficiada. “Alguns pacientes relataram uma melhora na autoestima depois do tratamento, pois puderam, por exemplo, voltar a dançar forró sem sentir tontura”, explica. 

O pesquisador reforça que existe estreita relação entre a tontura e a cognição. Assim, a reabilitação vestibular e os testes cognitivos devem ser aplicados para acompanhar a evolução dos pacientes.

“Em qualquer posto de saúde, é possível realizar a reabilitação vestibular. Ela não exige equipamentos modernos, e é possível adaptar a atividade conforme a queixa do paciente. A tontura não é normal em idosos, ela deve ser diagnosticada e tratada”, completa Marlon.

Vitor Pepino | Centro de Comunicação Social da Faculdade de Medicina