Extensão

ICA participa de projeto do governo federal e da Fiocruz dedicado a plantas medicinais

Oficinas do ArticulaFito estão sendo realizadas nesta semana, em Montes Claros

O professor Ernane
O professor Ernane Martins deu uma aula no Horto MedicinalFoto: Ana Claudia Mendes | UFMG

Saberes tradicionais e conhecimento acadêmico estão juntos em encontros promovidos pelo projeto ArticulaFito, iniciativa conjunta do Ministério de Desenvolvimento Agrário e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) relacionada às plantas medicinais. As atividades, que começaram na manhã desta quarta-feira, dia 28, na Unimontes, tiveram continuidade no Instituto de Ciências Agrárias (ICA) da UFMG, durante a tarde, e vão continuar no campus na manhã desta quinta-feira.

O objetivo do ArticulaFito é qualificar a produção dos agricultores familiares. Já foram mapeadas mais de 30 espécies de plantas medicinais em todo o país, algumas delas em Montes Claros. “Neste primeiro momento, foi formada a Rede Jatobá, composta de representantes do Norte de Minas que vão atuar no projeto. Ainda é algo muito inicial, com o tempo vamos estabelecer seu funcionamento”, explica Daniella Vasconcelos, consultora técnica de Plantas Medicinais e Produtos da Sociobiodiversidade do Ministério de Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar.

No ICA, o professor Ernane Martins falou sobre cultivo e manejo de plantas medicinais, em aula no Horto Medicinal. Na manhã desta quinta, os participantes vão receber orientações sobre colheita, beneficiamento, secagem, embalagem, avaliação de qualidade e óleos essenciais. À tarde, as atividades serão na FarmaVerde.

Representantes de oito municípios do Norte de Minas participam
do evento. O professor da Unimontes Gy Reis, articulador local do ArticulaFito,
foi o responsável por reunir os grupos. “Nosso ideal é criar uma rede que possa
promover essas atividades em toda a região. O objetivo é falar sobre as
plantas, mas também sobre sustentabilidade e proteção do Cerrado. Ao
mesmo tempo, pretendemos, com base na economia solidária, gerar renda para
pessoas em situação de vulnerabilidade social”, afirma.

Troca de saberes
Integrante de um movimento internacional de mulheres, Sérgina de Fátima atua na Vila Oliveira, em Montes Claros, em atividades nas quais são empregadas ervas medicinais. Ela anotou cada detalhe e explicou o motivo: “Para mim, é de suma importância ter acesso a essas informações. A gente lida com as plantas com o conhecimento que é repassado em casa, no dia a dia. Aqui, a gente aprende que pode mudar algumas coisas e descobre como melhorar.”

Muito atuante no município de Porteirinha, a 177 quilômetros de Montes Claros, irmã Mônica também participou das atividades. A religiosa atua na Segurança Alimentar e Saúde Complementar da cidade. Para ela, o momento de troca é precioso. “No campo e no saber tradicional tem muito tesouro guardado, e a Universidade tem os mecanismos para aprovar ou aprimorar os conhecimentos tradicionais. Esse abraço cultural, em que a instituição se abre para acolher o saber tradicional, é uma comunhão de riqueza existencial, tanto para a educação formal quanto para as práticas consagradas pela tradição”, analisa.

O professor Ernane Martins concorda com irmã Mônica e reitera a relevância da iniciativa. “Queremos contribuir para que as pessoas tenham ainda mais competência no que elas já fazem. Nós ensinamos e também aprendemos com quem já trabalha com essas plantas. A partir desse contato, geramos novas possibilidades de ações de extensão e também de pesquisa.”

Ana Cláudia Mendes I Cedecom UFMG Montes Claros