Lazer e esporte

‘Fadinha’ inspiradora: sucesso nas Olimpíadas estimula prática esportiva

Brasil deve associar o investimento no esporte às políticas de lazer, saúde e educação, defende professor Tarcísio Vago em entrevista à TV UFMG

Rayssa Leal, a 'fadinha do skate', exibe sua medalha prata: a garota de 13 anos virou referência para outras meninas, como Rafaela Dias
Rayssa Leal, a 'fadinha do skate', exibe sua medalha de prata: a garota de 13 anos virou referência para outras meninasBreno Barros | rededoesporte.gov.br / Fotos Públicas – CC BY-NC 2.0

A prática de esportes é uma grande aliada na qualidade de vida da população, uma vez que proporciona benefícios físicos, emocionais e sociais. “Talvez a gente não tivesse tantos problemas na área de saúde, se, desde a tenra idade, se investisse no esporte, não só pelos ganhos físicos que ele traz, mas também pelos valores: ensinar a ganhar, ensinar a perder, ensinar que depois da derrota você tem outra chance”, afirma o jornalista e narrador esportivo da Rede Globo Rogério Corrêa, que está trabalhando na cobertura das Olimpíadas de Tóquio.  

O sucesso de estrelas do esporte nacional nas Olimpíadas de Tóquio – no momento, o Brasil ocupa a 16ª posição no quadro oficial de medalhas – tem cativado as crianças e despertado seu interesse por determinadas modalidades esportivas. Indicador disso é um levantamento realizado pela OLX, que mostra que a busca pelo termo “skate street”, modalidade em que a skatista Rayssa Leal, 13 anos, conquistou a medalha de prata, cresceu 153% no mês de julho.  

Apesar da visibilidade recente, a prática do skate é antiga e vem sendo cada vez mais valorizada. Gabriel Sampaio, professor e atleta, conta que o skate sempre esteve presente em sua vida. Hoje, aos 23 anos, ele dá aulas da modalidade e participou de diversas competições antes da pandemia de covid-19. “A princípio, nunca vi isso [o skate] como profissão. Fui andando, me divertindo como sempre e, aos poucos, fui descobrindo”, conta o atleta.  

Alguns pais acabam tendo papel fundamental no incentivo à prática de esportes na infância. É o caso da Rafaela Dias, de 9 anos, filha de Carolina Diniz. "Eu acredito muito no esporte como forma de empoderamento, como possibilidade de viver coisas novas e realmente se divertir, que é o mais importante nessa fase da vida”, afirma Carolina. Rafaela conta que sempre gostou de praticar futebol, vôlei e basquete, mas que, por causa da pandemia e do isolamento social, parou de praticar esses esportes e se interessou pelo skate. “Eu fui ao Mineirão, vi um monte de meninas e meninos andando de skate e também quis andar, por isso comecei a fazer aulas.”  

Rafaela Dias revela como reagiu ao ver o desempenho da “fadinha do skate”, Rayssa Leal, que conquistou a medalha de prata. “Eu fiquei muito alegre, muito contente. Ela me ensinou várias lições importantes: quando você erra uma coisa e cai, levanta e tenta fazer a manobra de novo até conseguir!”  

Esporte como divertimento
Para que os esportes continuem inspirando as crianças e mudando a realidade social de muitas delas, é preciso investir e promover políticas públicas de esporte, lazer e cultura para toda a população, defende o professor Tarcísio Mauro Vago, da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional da UFMG. Ele explica que, para o Brasil se tornar potência esportiva, é preciso que seja também uma potência no lazer, na saúde e na educação. “Um dos significados da palavra 'esporte' é divertimento. O que eu desejo é que o esporte seja muito mais uma diversão, um encontro entre as pessoas, do que uma competição desenfreada entre elas. Mais divertimento no esporte, na escola, nas ruas, nas praças, nas avenidas, ou seja, nas políticas públicas de educação, de lazer e de cultura”, ressalta.    

Equipe: Miryam Cruz (produção e reportagem), Márcia Botelho (edição de imagens) e Naiana Andrade (edição de conteúdo)