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Luta contra o encarceramento da juventude negra ganha data municipal

A data foi criada por projeto de lei pelas vereadoras do Gabinetona

Este é o primeiro ano que a data é celebrada na capital
Este é o primeiro ano que a data é celebrada na capital Reprodução / Pexels

Foi definida neste ano, em Belo Horizonte, uma nova data no calendário municipal: o Dia Municipal de Luta Contra o Encarceramento da Juventude Negra, que ocorreu nesse domingo, 20 de junho. O projeto de lei foi criado pelas vereadoras da Gabinetona BH, Iza Lourença e Bella Gonçalves, ambas do PSOL, e busca dar visibilidade ao cenário de encarceramento em massa da juventude negra em todo o país. Dados do o 14º Anuário Brasileiro de Segurança Pública mostram que hoje, de cada três presos, dois são negros, sendo as principais faixas etárias nas prisões as de 18 a 24 anos (26% do total) e de 25 a 29 anos (24%). Os dados indicam que há uma forte desigualdade racial no sistema prisional, percebida na maior severidade de tratamento e de punições direcionadas aos negros. 

A data, 20 de junho, foi escolhida por ser o dia em que Rafael Braga foi preso enquanto levava consigo produtos de limpeza, caracterizados de forma indevida como artefatos de potencial explosivo. O caso aconteceu em 2013, mas se tornou um dos símbolos da seletividade penal no Brasil, sendo um tema ainda discutido nos dias de hoje.

Nesta segunda-feira, 21,  o programa Expresso 104,5 recebeu o professor do Instituto de Geociências da UFMG, Frederico Couto Marinho, doutor em Sociologia, pesquisador do Centro de Estudos de Criminalidade e Segurança Pública (Crisp/UFMG), para tratar do assunto. Na conversa, ele abordou a seletividade penal que existe no Brasil, a repercussão que esses casos geram hoje na mídia, como funciona essa situação aqui em Belo Horizonte e quais são os caminhos possíveis para alterar esse cenário. 

“É fundamental a cobrança dos movimentos sociais e da imprensa sobre as instituições para que elas sejam mais transparentes. O distanciamento social, a separação entre a favela e o asfalto, segregam as pessoas que sofrem violência da polícia, e as pessoas não se identificam com a luta. É um fenômeno histórico”, alertou.

Produção: Alexandre Miranda, sob orientação de Filipe Sartoreto

Publicação: Flora Quaresma, sob orientação de Hugo Rafael