O convidado do projeto Aulas abertas de novembro, mês da consciência negra, é o ator, compositor, cantor, multi-instrumentista e congadeiro Maurício Tizumba, que ministrou aula sobre O tambor bantu em Minas Gerais. A atividade é promovida mensalmente pelo Centro Cultural UFMG e tem o objetivo de trazer temas pertinentes ao contexto atual por meio de vídeos relacionados à arte e à cultura.

O artista introduz a aula explicando que os devotos das religiões
de matriz africana nunca iniciam um trabalho sem antes cantar para Exú e
oferece um canto para o orixá das comunicações, aquele que abre os caminhos e ilumina a caminhada. Na sequência, ele emenda Tupinambá, canto de Dea
Trancoso, pedindo licença aos ancestrais e mencionando vários povos indígenas, como os Aranã, Kaxixó, Pankararu, Krenak, Maxakalí, Pataxó Hãhãhãe e Puri.

Tizumba toca o couro de um atabaque com as mãos e apresenta quatro
ritmos básicos do Candomblé Angola e da Umbanda: Barravento, Ijexá, Cabula e
Congo de Ouro. Já com o tambor de congado, ele apresenta outros quatro ritmos presentes nas festas de Congado e Reinado: o Serra Abaixo, o Serra Acima, o Congo Dobrado e o Marcha Grave.

O tambor de congado e o atabaque, considerados instrumentos ancestrais sagrados e fundamentais nas religiões de matriz africana, emitem sons que conduzem as danças dos rituais e estabelecem comunicação entre os homens e as divindades durante as cerimônias.

Tributo aos 'pretos-velhos'
Para finalizar, o artista oferece um canto aos "pretos-velhos", homens que atravessaram o Atlântico e chegaram ao Brasil para construírem seu reinado. “Tem uns pretos-velhos que chegaram nessa nossa terra, sobreviveram e estão aqui até hoje. Viva os nossos ancestrais! Eles fazem a gente continuar caminhando nessa terra”, diz Tizumba.

Assista à aula aberta e conheça os ritmos apresentados por Maurício Tizumba. 

Sobre o artista
Maurício Tizumba iniciou sua carreira artística na década de 1960
e se destaca por fazer um percurso de grande relevância para a cultura
afro-brasileira. Em toda a sua história musical, o artista traz consigo a forte
influência do congado mineiro, manifestação cultural e religiosa que resiste há
mais de três séculos como símbolo de expressão da cultura negra em Minas
Gerais.