Institucional

Museu de História Natural e Jardim Botânico: solidariedade e renascimento aos 52 anos

Em artigo, a diretora Mariana Lacerda ressalta o apoio das comunidades interna e externa após o incêndio, em 2020, e fala de estratégias para o futuro

  

Localizado no bairro Horto, em Belo Horizonte, O Museu abriga grande área de Mata Atlântica e coleções de arqueologia, paleontologia, botânica e geologia, entre outras
Localizado no bairro Horto, em Belo Horizonte, O Museu abriga grande área de Mata Atlântica e coleções de arqueologia, paleontologia, botânica e geologia, entre outras Facebook / MHNJB

O Museu de História Natural e Jardim Botânico da UFMG completa 52 anos no dia 12 de agosto. No aniversário do ano passado, estávamos em meio ao luto do incêndio, absorvidos pela rotina do resgate emergencial. Ainda assim, celebramos o Museu e seus 51 anos, celebramos o apoio da comunidade da UFMG e o trabalho voluntário e solidário de tantos estudantes, técnicos e docentes. Os números são expressivos: a equipe da arqueologia produziu 2.398 números de identificação para peças e áreas de coleta, e 802 caixas foram utilizadas pela equipe do Centro de Conservação e Restauração de Bens Culturais (Cecor) da UFMG para armazenar o material em 215m² de área destinada a abrigar as reservas técnicas provisórias.

Ainda não sabíamos quais seriam os próximos passos, mas aos poucos fomos encontrando os caminhos. Seis meses depois, a campanha de financiamento coletivo, construída com o engajamento da Fundep, de membros da comunidade do Museu e de outros setores da UFMG, já havia recebido contribuições de 1.451 pessoas e instituições de 23 estados brasileiros e cinco países. Em Minas Gerais, a campanha reuniu contribuições vindas de 71 municípios.

A campanha aproximou o Museu da sociedade. Recebemos apoio de muitos artistas da música, do teatro, da literatura, das artes plásticas e da educação. Foram 20 vídeos com depoimentos e uma videoperformance. Todo esse material está disponível no canal do Museu no YouTube. Cada apoio foi como uma pessoa segurando na nossa mão. Sentimos como o museu é forte por ser UFMG.

No aniversário deste ano, seguimos construindo novos caminhos para a instituição. Há projetos em andamento para a reconstrução do prédio incendiado, para a implementação do laboratório de documentação e do sistema de gestão e informação de acervos, visando ao desejado retorno às coleções, para melhor identificação dos itens resgatados e proposição de diretrizes de curadoria e conservação. Esse levantamento servirá de base para o planejamento de intervenções destinadas à gestão dos acervos atingidos pelo incêndio.

Mas este também é um tempo de espera. A pandemia exige paciência e estratégia para lidar com as necessidades e as urgências institucionais. Os projetos envolvem trabalho presencial, é preciso aguardar o momento oportuno para retomá-lo com a segurança e a intensidade que o Museu precisa. Estaremos preparados quando for o momento. Enquanto isso, seguimos em modo remoto, promovendo o entrosamento e o fortalecimento dos setores administrativos, mantendo e adaptando os projetos educativos desenvolvidos por bolsistas e seus orientadores, avaliando e buscando melhorar nosso desempenho nas redes sociais.

O movimento de renascimento, lançado na campanha de financiamento coletivo, segue também pela via da revisão do regimento interno, apoiada no diálogo com diferentes segmentos da comunidade. O resultado desse esforço foi a articulação com os membros da Comissão Permanente de Acervos (Copace), responsável pela política de gestão de acervos: juntos estamos conduzindo o planejamento estratégico do museu, com a participação voluntária de uma mestranda da Escola de Belas Artes.

Que Museu a comunidade da UFMG enxerga? O que esperamos dele no futuro? Como direcionar esforços para alcançar os objetivos? Com essas perguntas em mente, lançamos uma consulta à comunidade da UFMG. São 240 respondentes convidados a colaborar nesse processo de planejamento.

Se é verdade que a proximidade gera oportunidade, queremos estreitar os elos que aproximam o Museu da UFMG e, com isso, fortalecer o MHNJB como instituição pública de pesquisa, ensino e extensão em constante diálogo com a sociedade.

Mariana Lacerda, diretora 'pro tempore' do Museu de História Natural e Jardim Botânico da UFMG