Feira Agroecológica tem nova edição nesta terça, no campus Pampulha
Organizado pelo Departamento de Gestão Ambiental, evento abre espaço ao comércio de alimentos saudáveis e à troca de saberes
![Foto: Lucas Braga | UFMG Feira Agroecológica, edição de 2018](https://ufmg.br/thumbor/s7D4xLMdPgK28EXV8s5Y3P90jhU=/73x45:5186x3454/712x474/https://ufmg.br/storage/7/2/a/1/72a1cdd151ee71ee594a4f88a70d61e9_1664802380007_89500122.jpg)
De frutas, legumes e verduras a produtos processados, como geleias, molhos, mel e antepastos. Essa é uma pequena parte da variedade exposta nas bancas da Feira Agroecológica da UFMG, iniciativa que promove a interação direta de pequenos produtores, representantes da agricultura familiar e microempreendedores com consumidores que valorizam modelos sustentáveis de produção. A próxima edição do evento, que é gratuito e aberto ao público geral, será nesta terça, na Praça de Serviços do campus Pampulha, das 9h às 17h.
Promovida pelo Departamento de Gestão Ambiental (DGA), a feira tem apoio da Pró-reitoria de Administração da UFMG e da Pró-reitoria de Extensão, e conta com parceria de grupos de estudo que atuam na temática, como o Auê, vinculado ao Instituto de Geociências (IGC). Os produtores são selecionados por meio de editais anuais, que podem ter seus efeitos estendidos para mais um ano. A iniciativa promove o acesso a alimentos saudáveis de origem agroecológica, divulga informações sobre o processo de cultivo e produção e estimula a reflexão sobre a qualidade dos alimentos produzidos de forma convencional.
![Arquivo pessoal Elaine comercializa sabonetes artesanais feitos com o uso de óleos vegetais e aromatizados com óleos essenciais](https://ufmg.br/thumbor/bTXNmAO37a5IiFfMiUr33iGz3bo=/95x0:723x963/352x540/https://ufmg.br/storage/a/1/7/3/a17327d030f1fe6e22d694df2780243b_16648024783028_9769565.jpeg)
Elaine Lima de Carvalho, 45, produtora de sabonetes artesanais que já participava de exposições de produtos agroecológicos antes mesmo de a feira da UFMG se consolidar, conta que a ação foi seu “ganha-pão” durante muito tempo. "Além de possibilidade de trabalho, é também uma forma de lazer", ela diz. A Feira Agroecológica, que voltou à Praça de Serviços como parte das atrações do Domingo no campus, em 4 de setembro – com o fim das restrições impostas pela pandemia de covid-19 –, retomará em breve sua periodicidade quinzenal.
Diversidade de produtos e oportunidades
Os produtores participantes desta edição foram selecionados no edital de 2019, que valeria por mais um ano se as atividades nos campi não tivessem sido interrompidas em 2020. O evento desta semana é parte da retomada da iniciativa. Segundo a bióloga Fernanda de Souza, do Departamento de Gestão Ambiental (DGA), organizadora da feira, a previsão é de que 30 produtores estejam presentes. Parte dos selecionados nas 46 vagas oferecidas ainda está se organizando após o período de isolamento social.
Alguns dos critérios que conferem prioridade aos feirantes inscritos são a situação de vulnerabilidade em que alguns deles se encontram, a participação em coletivos e a vinculação a algum tipo de movimento social. Fernanda explica que o entendimento é de que a pessoa que trabalha na horta comunitária, por exemplo, não traz apenas o produto dela, mas de um grupo, o que amplia as oportunidades.
Entre os participantes, estão produtores de assentamentos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), integrantes do coletivo rastafári Roots Ativa, que praticam a agroecologia no alto do Aglomerado da Serra, em BH, agricultores familiares da zona rural de Jaboticatubas e microempreendedores individuais do ambiente urbano. Todos detêm (ou estão no processo de obtenção) o selo que atesta a produção agroecológica, concedido pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Se a representatividade de causas sociais é bem diversa, são múltiplas também as origens dos produtores que expõem na feira. Fernanda conta que, originalmente, o evento reunia grupos de 18 cidades da região metropolitana de Belo Horizonte, mais a capital.
A variedade de produtos também é ampla. São sete os segmentos nos quais eles se enquadram: cultivo – que abrange mudas e insumos para plantio, como fertilizantes e substratos –, hortaliças, processados, produtos de higiene pessoal, produtos de medicina natural, categoria mista, que engloba produtores em mais de uma especificação, e lanches, incluindo pães e bolos artesanais e quitutes feitos na hora. Os visitantes poderão provar, entre as diversas opções, o já conhecido acarajé da Raquel, uma das produtoras que participa da feira desde seu início.
![Foto: Lucas Braga | UFMG Produtos agroecológicos e sem agrotóxicos são vendidos na Feira](https://ufmg.br/thumbor/uLEiPxo7Ieq8-d-WVL_J31l3nZg=/878x0:3263x3666/352x540/https://ufmg.br/storage/6/7/c/0/67c0d6ce68d26fb22d5a0f10268fdc52_16648027945496_1450210730.jpg)
Cooperação e autogestão
A Feira Agroecológica foi criada para atender à necessidade de se estabelecer, na Universidade, um espaço de apoio aos pequenos produtores. O projeto foi iniciado em 2016, mas foi três anos depois que a feira se estruturou e ganhou um edital para seleção de participantes. Os aprovados alocam suas barraquinhas na Praça de Serviços de forma gratuita.
Os produtores são protagonistas também no planejamento da feira, que é organizada em um sistema de autogestão. Os participantes devem cumprir todas as regras e pré-requisitos definidos pela Universidade, mas é em grupo, de forma proativa, independente e não hierárquica, que eles estabelecem a dinâmica do evento e as funções de cada um. Alguns deles atuam em duplas na captação e na retenção de clientes, trocando contatos para continuarem as vendas após o evento.
Ailton Resende, 36, produtor de hortaliças da cidade de Itaguara e integrante do coletivo Terra Viva, praticava um modelo de subsistência no sítio da família e, de 2013 em diante, depois de estudos sobre agrofloresta e produção orgânica, decidiu se abrir ao mercado. Ele diz que o evento funciona como propaganda para o seu negócio e possibilita a criação de uma rede de clientes que, em muitos casos, se interessam por conhecer o coletivo do qual participa. “A feira é um espaço importante para mostrarmos o que fazemos e quais são nossas demandas e necessidades em um espaço aberto ao conhecimento”, diz.