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Provas do Enem voltam a ser aplicadas na UFMG

Candidatos estão distribuídos em salas nos prédios do CAD1 e CAD3 e na Faculdade de Educação

O CAD3, no campus Pampulha, é um dos locais de aplicação das provas
O CAD3, no campus Pampulha, é um dos locais de aplicação das provas Foto: Foca Lisboa | UFMG

Depois de cinco anos, a UFMG voltou a sediar a aplicação das provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), principal via de acesso ao ensino superior público no Brasil. No próximo domingo, dia 12, os candidatos retornam ao campus Pampulha para fazer as provas de Ciências da Natureza e suas Tecnologias e Matemática e suas Tecnologias. Eles estão distribuídos nos prédios do CAD1 e do CAD3 e da Faculdade de Educação. O exame se inicia às 13h30 e termina às 18h30.

No primeiro dia de prova, no domingo passado, dia 5, os candidatos responderam às questões de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias Ciências Humanas e suas Tecnologias e redigiram um texto dissertativo-argumentativo com o tema Desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil.

O Enem é organizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), vinculado ao Ministério da Educação, e operacionalizado neste ano pela empresa Cebraspe, que cuida da aplicação das provas. Cabe à UFMG garantir que o campus esteja adequado e com seus espaços desimpedidos. Esse trabalho é coordenado pela Diretoria de Processos Seletivos (Copeve) da UFMG.

Esforço institucional
A reitora Sandra Regina Goulart Almeida saudou a volta dos candidatos do Enem à UFMG. A última vez que o exame havia sido aplicado em unidades da Universidade foi em 2018. “É muito importante que a UFMG receba as provas do Enem. Como universidade pública, temos um compromisso com esses jovens que tanto desejam estar aqui. Fizemos um esforço junto ao Inep para que pudéssemos contribuir com o processo. A UFMG é uma instituição pública, e o Enem é a porta de entrada de nossos calouros. Muitos jovens têm o seu primeiro contato com a Universidade exatamente nos dias de aplicação do exame”, afirma a reitora.

As notas do Enem são adotadas pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu) para o ingresso nos mais de 90 cursos de graduação da UFMG, incluindo parte do processo do Vestibular de Habilidades. Cerca de 6,3 mil vagas são ofertadas. No mês passado, o Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe) aprovou a criação dos cursos de Ciência de Dados, Engenharia de Materiais e Arqueologia – este último será ofertado já em 2024.

Cuidados invisíveis

As mulheres brasileiras dedicam, em média, 21,3 horas semanais aos afazeres domésticos e aos cuidados com as pessoas mais próximas. Em contraste, os homens dedicam cerca de 11,7 horas semanais a essas tarefas, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (Pnad Contínua) de 2022, feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esse desequilíbrio reflete uma estrutura de gênero profundamente enraizada na sociedade, que tende a atribuir às mulheres a responsabilidade pelos cuidados, configurando um discurso que considera esse tipo de tarefa como inerente à natureza feminina.

Esse cenário inspirou a escolha do tema da redação do Enem em 2003: Desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil. O assunto foi discutido em entrevista no programa Conexões, da Rádio UFMG Educativa, nesta quarta-feira, 8. A apresentadora Luiza Glória conversou com Luana Myrrha, mestra e doutora em Demografia pelo Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional (Cedeplar) da Faculdade de Ciências Econômicas. Atualmente, ela é professora do Departamento de Demografia e Ciências Atuariais da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). 

Feliz com a escolha do tema da redação, Luana Myrrha avalia que a desigualdade de gênero em relação ao trabalho está presente nos lares e se tornou invisível por ser naturalizada. A pesquisadora explicou que essa dicotomia entre o que deveria ser o trabalho dos homens, como provedores, e o das mulheres, como cuidadoras da casa, é secular e se sustenta em uma hierarquização que desvaloriza as tarefas que ficaram marcadas majoritariamente como femininas.

Ouça a entrevista: