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Pesquisadores mostram relação entre dengue e desigualdade

Programa Outra estação discute como a precariedade de serviços públicos influencia na disseminação da doença

Vila do Índio
A Vila do Índio, em Belo Horizonte, favorece a propagação da dengueLarissa Reis / UFMG

Minas Gerais registrou quase 500 mil casos confirmados ou suspeitos de dengue em 2019, segundo a Secretaria Estadual de Saúde. Nesta década, os números de 2019 ficam abaixo apenas dos de 2016, que atingiu a marca de 517,8 mil casos. O município mais afetado é Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, que soma quase 12 mil casos a cada 100 mil habitantes.

Em matérias jornalísticas, as epidemias de dengue costumam ser explicadas por meio de fatores climáticos, como a elevação da quantidade de chuva e das temperaturas. Porém, os gestores públicos e a população devem ficar atentos a outro elemento que contribui para disseminar a doença: são os problemas socioeconômicos, especialmente nos grandes centros urbanos.

De que modo a enorme desigualdade brasileira ajuda na propagação do mosquito Aedes aegypti, responsável pela transmissão do vírus da dengue? Regiões com serviços públicos precários estão mais vulneráveis à doença? Essas questões são abordadas no episódio 22 do Outra estação.

O programa ouviu três especialistas: Pedro Luiz Tauil, professor do Programa de Pós-graduação em Medicina Tropical da UnB e especialista nas áreas de saúde coletiva e epidemiologia; Igor Cavallini, pesquisador na área de determinantes sociais da saúde e residente pós-doutoral no Instituto de Ciências Biomédicas da USP, e Maria Amélia Alves, que, em pesquisa de mestrado defendida no Programa de Pós-graduação em Meio Ambiente e Recursos Hídricos da Universidade Federal de Itajubá, investigou como variáveis socioeconômicas e climáticas se relacionam com a dengue em Minas.


Falta de água tratada, esgoto a céu aberto, coleta de lixo irregular...
Esses são alguns dos elementos que favorecem a disseminação do mosquito Aedes aegypti e, consequentemente, do vírus causador da dengue. É o que explicam os especialistas ouvidos pelo programa. A doença, que chegou a ser dada como extinta no Brasil, apresenta-se como um problema de saúde pública de difícil resolução, considerando os indicadores socioeconômicos das cidades, ressalta Igor Cavallini.

Ouça o bloco 1 do programa

A situação em Minas, em BH e na Vila do Índio

Mariângela
Mariângela da Silva mora à beira do córrego que corta a Vila do Índio; ela e uma filha tiveram dengue em 2019Larissa Reis / UFMG

No segundo bloco, o Outra estação traz dados que indicam 2019 como um dos piores anos da década em Minas e na capital em relação à epidemia de dengue. O programa também conta a história de Mariângela da Silva, uma das cerca de 2 mil pessoas que residem na Vila do Índio, na região de Venda Nova, em Belo Horizonte. O lugar é propício à propagação do Aedes aegypti. Não por acaso, Mariângela e uma filha que mora com ela contraíram a doença em 2019.


Ouça o bloco 2 do programa


Para saber mais
Texto com dados gerais sobre a dengue, elaborado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em Minas

Página da pesquisa realizada na Universidade Federal de Itajubá por Maria Amélia Alves, entrevistada pelo programa

Artigo Urbanização e ecologia da dengue, escrito pelo professor e pesquisador Pedro Luiz Tauil, entrevistado em nosso programa

Produção
O episódio 22 do Outra estação foi apresentado por Luana Lima, com produção de Tiago de Holanda e Larissa Reis, edição de Tiago de Holanda, coordenação de jornalismo de Paula Alkmim e trabalhos técnicos de Thiago França.

Outra estação aborda, semanalmente, um tema de interesse social. Na Rádio UFMG Educativa (frequência 104,5 FM), o programa vai ao ar às quintas-feiras, às 18h, com reprise às sextas, às 7h30. Ele também está disponível nos aplicativos de podcast.