Pesquisa e Inovação

Sistema de prevenção de incêndios da UFMG, UFG e Inpe é premiado por práticas em captação

Professor do IGC e um dos idealizadores do modelo, Ubirajara de Oliveira, alertou para o número crescente de incêndios no cerrado e em outros biomas

O sistema identificou que o aumento das queimadas está associado principalmente ao desmatamento para uso agrícola
O sistema identificou que o aumento das queimadas está associado principalmente ao desmatamento para uso agrícola Marcelo Camargo/Agência Brasil

Um sistema de prevenção de incêndios desenvolvido na UFMG venceu o prêmio de Melhores Práticas em Captação Internacional, concedido pela Associação Brasileira de Desenvolvimento e pela Secretaria de Assuntos Econômicos Internacionais do Ministério da Economia. O projeto Desenvolvimento de Sistemas de Prevenção de Incêndios Florestais e Monitoramento da Cobertura Vegetal no Cerrado Brasileiro, ou FIP Monitoramento Cerrado, é uma parceria entre a UFMG, a Universidade Federal de Goiás (UFG) e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Implementada de 2016 a 2021, a iniciativa captou mais de 40 milhões de reais do Banco Mundial e gerou benefício social de aproximadamente 264 milhões.

A Fundep, Fundação de Apoio da UFMG, foi responsável pelo acompanhamento financeiro e supervisão técnica do projeto. Os conhecimentos obtidos por meio do desenvolvimento de metodologias e aprimoramento dos sistemas de monitoramento do projeto, auxiliaram a estruturação de outro programa, o Biomas BR – Cerrado MCTI, que tem o objetivo de estabelecer métodos inovadores para acompanhamento do bioma. O projeto surgiu de uma demanda nacional estratégica de monitorar o uso de recursos naturais do cerrado e cobre 24% do território nacional, atuando no fortalecimento institucional para o combate a queimadas. Anualmente, episódios de fogo em áreas do cerrado atingem milhares de hectares e se propagam sem controle, impactando flora e fauna locais, gerando prejuízos inestimáveis.

Para falar sobre o projeto premiado, o Conexões desta segunda-feira, 18, recebeu o professor do Instituto de Geociências (IGC), pesquisador do Centro de Sensoriamento Remoto da UFMG (CSR) e um dos idealizadores do modelo, Ubirajara de Oliveira. O docente explicou como a tecnologia foi criada e alertou para o número crescente de incêndios e com efeitos cada vez mais graves. 

A pesquisa quantificou esses impactos não só no cerrado, mas em todos os biomas brasileiros e concluiu que está havendo perda de vegetação e prejuízo à biodiversidade. Segundo o professor do IGC, o modelo prevê para o futuro um cenário ainda pior, o que torna urgente a adoção de políticas públicas para evitar esses danos, uma vez que o cenário de mudanças climáticas já impõe um grande desafio para os próximos anos. O convidado ressaltou a importância econômica da iniciativa.

“O projeto em si gera economia ao prever incêndios porque basta pensar que o gasto com combate de incêndio é muito alto e é crescente ao longo dos anos. Então, só nisso ele já geraria um impacto econômico muito grande, sem contar os impactos positivos na redução de perda da biodiversidade e outros indiretos. Todas as medidas, não só relacionadas aos incêndios, mas também ao desmatamento, geram um impacto econômico positivo, ou seja, o dinheiro que é investido acaba tendo um retorno muito maior” explicou Oliveira. 

Ouça a entrevista completa no Soundcloud

O projeto FIP Cerrado pode ser acessado e acompanhado pelo site.

Produção: Enaile Almeida e Nicolle Teixeira, sob orientação de Luiza Glória e Breno Rodrigues
Publicação: Alessandra Dantas