Pesquisa e Inovação

Análise das mortes iniciais por covid em BH mostra que transmissão em hospitais pode ter sido negligenciada

Estudo da Faculdade de Medicina é tema do novo episódio do podcast ‘Aqui tem ciência’, da Rádio UFMG Educativa

Diagnóstico mais rápido e isolamento de pacientes infectados poderia evitado mortes nos hospitais
Diagnóstico mais rápido e isolamento de pacientes infectados poderiam ter evitado mortes nos hospitais Foto: Erkan Utu | Pexels

Até 24% dos 100 primeiros óbitos por covid-19 em Belo Horizonte podem ter ocorrido após transmissão intra-hospitalar da doença. As mortes ocorreram entre 30 de março e 19 de junho de 2020, de acordo com as notificações do Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde da capital. Em apenas um hospital filantrópico da região Nordeste, foram registradas 18 mortes no período da pesquisa.

O levantamento foi feito pela infectologista Karina Napoles, autora de dissertação de mestrado defendida no Programa de Pós-graduação em Infectologia e Medicina Tropical da Faculdade de Medicina da UFMG, sob orientação do professor Unaí Tupinambás e coorientação da professora Júlia Caporali. O trabalho é apresentado como o primeiro estudo regional detalhado no Brasil dos óbitos iniciais por covid-19.

A recorrência de mortes associadas a infecções contraídas no próprio ambiente hospitalar chamou a atenção da pesquisadora, que analisou os prontuários fornecidos por 19 hospitais das redes pública e particular, incluindo uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) municipal. A confirmação do diagnóstico dos pacientes foi feita por meio de exame PCR. Sete óbitos foram excluídos da pesquisa por falta de informações. 

Das mortes analisadas, 47 foram de homens e 53 de mulheres. Desse universo, 71% tinham mais de 60 anos de idade e 57% eram pardos e pretos. Em média, o tempo de internação foi de 11 dias, e as mortes ocorreram 15 dias depois do início dos sintomas. A análise geral identificou até quatro comorbidades — hipertensão e diabetes estavam presentes em mais da metade dos pacientes.

Saiba mais sobre a pesquisa no novo episódio do Aqui tem ciência:


Raio-x da pesquisa

Karina Napoles analisou prontuários fornecidos por 19 hospitais públicos e particulares de BH
Karina Napoles analisou prontuários de 19 hospitais de BH Foto: Acervo pessoal

Título: Avaliação dos primeiros cem óbitos por covid-19 e transmissão intra-hospitalar, um risco negligenciado no início da pandemia

Autora: Karina Martins Nogueira Napoles

O que é: Estudo detalhado regional dos cem primeiros óbitos por covid-19 ocorridos em Belo Horizonte com base nos prontuários dos pacientes fornecidos pelos hospitais.

Programa de Pós-graduação: Infectologia e Medicina Tropical

Orientador: Unaí Tupinambás

Coorientadora: Júlia Caporali

Ano da defesa: 2022

O episódio 148 do Aqui tem ciência tem produção e apresentação de Alessandra Ribeiro e trabalhos técnicos de Cláudio Zazá. O programa é uma pílula radiofônica sobre estudos realizados na UFMG e abrange todas as áreas do conhecimento. A cada semana, a equipe da Rádio UFMG Educativa apresenta os resultados de um trabalho de pesquisa desenvolvido na Universidade. 

O Aqui tem ciência fica disponível em aplicativos de podcast, como o Spotify, e vai ao ar na frequência 104,5 FM, às segundas, às 11h, com reprises às quartas, às 14h30, e às sextas, às 20h.