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Auxílio do governo de Minas é importante, mas valor é irrisório, afirma professora do Cedeplar

Em entrevista à UFMG Educativa, professora Débora Freire comentou possíveis impactos desse benefício para a economia do estado

Governador Romeu Zema, durante anúncio de complemento do auxílio emergencial, que será pago pelo governo de MG
Governador Romeu Zema, durante anúncio de complemento do auxílio emergencial, que será pago pelo governo de MG Foto: Gil Leonardi / Imprensa MG

O governo de Minas Gerais anunciou neste mês que concederia uma renda emergencial para famílias em situação de extrema pobreza. Segundo decreto publicado no dia 11 de setembro, o objetivo do programa Renda Minas é reduzir os efeitos socioeconômicos decorrentes da pandemia da covid-19. O que vem sendo algo de várias críticas é o valor do auxílio: R$ 39. O pagamento se destina a famílias com renda mensal por pessoa de até R$ 89 e será concedido por até três meses, entre outubro e dezembro, de acordo com a disponibilidade financeira e orçamentária do estado, podendo ser prorrogado enquanto durar a pandemia. 

De acordo com o governo, o auxílio chegará a quase um milhão de famílias em todos os municípios mineiros e custará um total de R$ 346 milhões. O governador Romeu Zema (Novo) classificou essa renda emergencial como um programa “audacioso” e ressaltou que ela foi criada depois de o governo federal ter reduzido pela metade o auxílio de R$ 600, que tem sido concedendo desde abril. 

Em entrevista ao programa Conexões, da Rádio UFMG Educativa, nesta segunda-feira, 21, a professora Débora Freire, do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional da UFMG (Cedeplar), falou sobre os possíveis impactos dessa renda na economia mineira. Segundo ela, após a redução do auxílio pago pelo governo federal, estados e municípios deverão atuar para a complementação desse auxílio.

"Essa complementação da renda emergencial, pelos estados e municípios, será muito importante de agora em diante, agora que o governo federal reduziu o valor do auxílio emergencial que vinha sendo pago (de R$ 600). O auxílio emergencial federal foi uma política muito importante, que mitigou parte da recessão e teve um impacto relevante no consumo das famílias, contribuindo para a subsistência dessas pessoas neste momento da economia", avaliou.

Na opinião da pesquisadora, a ação de estados e municípios se faz, agora, mais necessária, porque ainda não houve uma recuperação efetiva da economia brasileira. "A crise ainda não passou, não há empregos. Reduzir o auxílio agora é deixar um contingente enorme de famílias em condições precárias de vida e, ao mesmo tempo, contribuir para uma retração maior da economia", explicou.

Apesar de o programa do estado de Minas Gerais estar na direção correta, segundo Débora Freira, ele tem um claro problema. "Esse problema é o valor, que é baixo e irrisório, não sendo suficiente para que as famílias obtenham um sustento mínimo na pandemia", criticou.

Ouça a conversa com Luíza Glória

De acordo com o decreto publicado pelo governo de Minas, a renda mensal deverá ser concedida para famílias em situação de extrema pobreza inscritas até o dia 11 de julho no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico). Os R$ 39 serão entregues à pessoa responsável pela família cadastrada. Caso essa família tenha mais de uma pessoa com direito à renda emergencial, o valor será somado e pago também ao responsável. O decreto informa ser possível que o valor do auxílio aumente, se houver disponibilidade orçamentária e financeira. 

Produção de Tiago de Holanda