Institucional

‘Coragem, esperança e alegria’ ditam reflexões da Semana do Conhecimento

Evento foi aberto oficialmente hoje, com palestra de Ricardo Galvão, ex-diretor do Inpe

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Benigna: educação de qualidadeFoto: Foca Lisboa / UFMG

Durante a cerimônia que abriu oficialmente a 28ª edição da Semana do Conhecimento, na manhã desta segunda-feira, dia 14, a pró-reitora de Graduação, Benigna Maria de Oliveira, uma das coordenadoras do evento, afirmou que as atividades que compõem a programação convergem para o objetivo que une toda a comunidade da UFMG: defender a educação de qualidade. “É momento de seguir na luta, com coragem, esperança e alegria”, declarou, emocionada.

Com o tema Educação de qualidade para o desenvolvimento sustentável, a Semana do Conhecimento contará, como de costume, com apresentação de trabalhos de servidores técnico-administrativos e de estudantes de graduação e de pós-graduação. “Uma das novidades deste ano é a participação da Editora UFMG, que vai mostrar parte do que produziu ao longo de seus 34 anos, como as 32 coleções e mais de 1.200 títulos publicados”, informou Benigna de Oliveira.

Segundo a pró-reitora, a Semana, ao longo dos anos, passou a integrar diversos eventos paralelos que “contam um pouco da história da universidade”, entre os quais, as semanas de Iniciação Científica e de Graduação e os encontros de Extensão, de servidores técnico-administrativos e da Mobilidade Internacional. “Isso demonstra que a Universidade que queremos integra pesquisa, ensino e extensão – todas essas dimensões trabalhadas em conjunto, com a mesma importância”, comentou.

Ainda sobre a programação, que segue até o dia 18, Benigna de Oliveira destacou o Colóquio da Prae, que tem o objetivo de expor trabalhos de ações afirmativas coordenados pelos estudantes, e eventos de interlocução com o público externo, como o Colóquio do IEAT e a mostra virtual da Rede de Museus. “Essas atividades vão ao encontro do propósito da UFMG de ser cada vez mais inclusiva e diversa”, observou a pró-reitora.

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Sandra Goulart: protagonismo das instituições públicasFoto: Foca Lisboa / UFMG

Ato de resistência
A reitora Sandra Regina Goulart Almeida sublinhou que a discussão suscitada pelo tema da Semana é especialmente oportuna por causa do atual “cenário nacional preocupante”, em que universidades públicas vivenciam cortes orçamentários. “Ao mesmo tempo que lidamos com redução das bolsas da Capes, problemas crônicos de insustentabilidade do CNPq e falta de apoio à Fapemig, despertamos uma série de reflexões críticas durante a Semana. Isso não é apenas uma vitória, é também um ato de resistência. Temos um grande legado, que nos trouxe até aqui. Já passamos por momentos sombrios, e não será este que nos impedirá de realizar nosso trabalho”, considerou a reitora.

Recorrendo a dados estatísticos segundo os quais as instituições públicas são responsáveis por mais de 90% da pesquisa científica no país, Sandra Goulart reiterou que defender a educação, a ciência e tecnologia e a cultura é fundamental para garantir às gerações vindouras um país mais justo e equânime. “Não se constrói um país sem investimento sustentável na educação. O Brasil tem apenas 18% dos seus jovens no ensino superior, e não é cortando a verba das instituições públicas que vamos corrigir isso. Defender nosso legado é a missão da UFMG, e, por isso, não vamos parar de lutar”, assegurou.

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Ricardo Galvão: Inpe é instrumento a serviço da sociedadeFoto: Foca Lisboa / UFMG

Em defesa da ciência
O físico e ex-diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), professor Ricardo Galvão, palestrou durante a cerimônia. Ancorado no tema O Inpe e o monitoramento dos biomas brasileiros, o conferencista apresentou grande parte dos projetos levados a cabo atualmente pelo Instituto, especialmente os relativos ao combate a incêndios na Amazônia. “Mais do que uma instituição de pesquisa científica, o Inpe é um “instrumento a serviço da sociedade brasileira”, introduziu o professor.

Um dos assuntos abordados na palestra foi a colaboração entre Brasil e China para desenvolvimento de satélites, que recentemente completou 30 anos, e pode ser considerado, de acordo com Ricardo Galvão, “um exemplo exitoso e paradigmático de colaboração Sul-Sul”. “Metade do trabalho é feita pelo Inpe, e a outra metade, pela academia chinesa de tecnologia espacial. É espetacular constatar que, apesar das distâncias geográficas e culturais, há equipes chinesas trabalhando no Brasil, assim como na Ásia também há uma equipe brasileira”, observou o professor.

Sobre a temática que norteará as discussões da Semana, Ricardo Galvão salientou que tem comparecido a muitas universidades para falar em defesa da ciência. “Não deixemos que convicções ideológicas, partidárias e políticas turvem nossos olhos. Toda vez que a ciência é atacada, devemos responder com contundência”, disse Galvão.

A apresentação de Ricardo Galvão integrou também o ciclo de conferências Tempos presentes, organizado pela UFMG desde o início do ano com o objetivo de contribuir para a tarefa de pensar a universidade e a nossa época.

O conferencista
O professor Ricardo Osório Galvão é graduado em engenharia de telecomunicacões pela Universidade Federal Fluminense (1969), mestre em engenharia elétrica pela Universidade Estadual de Campinas (1972), doutor em física de plasmas aplicada pelo Massachusetts Institute of Technology (1976) e livre docente em física experimental pela Universidade de São Paulo (1983). Tem experiência na área de física, com ênfase em física dos fluídos, física de plasmas e descargas elétricas, atuando principalmente nos seguintes temas: ondas de Alfvén, rotação em plasmas magnetizados, física de tokamaks e fenômenos não lineares em plasmas. Foi presidente da Sociedade Brasileira de Física e integrante do Conselho da Sociedade Europeia de Física. É membro da Academia de Ciências do Estado de São Paulo e da Academia Brasileira de Ciências.

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Auditório da Reitoria esteve lotado durante a apresentação do ex-diretor do InpeFoto: Foca Lisboa / UFMG

Matheus Espíndola