Arte e Cultura

Ars Nova valoriza obras de compositoras em série dedicada às mulheres

Concertos programados para os dias 2 e 8 de março serão regidos pela maestrina Riane Menezes

O Ars Nova – Coral da UFMG vai homenagear as mulheres no mês de março com dois concertos no âmbito da série O canto coral feminino – mulheres compositoras. As apresentações, gratuitas, serão regidas pela maestrina Riane Menezes.

O primeiro concerto será realizado em 2 de março, no auditório do Conservatório UFMG, a partir das 19h30, e integra a programação do 17º Festival de Verão UFMG. A segunda apresentação será durante a programação da série Viva música!, no dia 8 de março, às 18h30, no auditório da Escola de Música. As apresentações serão complementadas com uma palestra do maestro Lincoln Andrade, que falará sobre as mulheres na música coral e as dificuldades de encontrar suas obras.

A série, que estreou em 2018, é resultado de minucioso trabalho de pesquisa e resgate de partituras de obras compostas por mulheres. O concerto deste ano inclui repertório internacional, de diferentes épocas e países, incluindo artistas contemporâneas. "As mulheres ficavam sempre em segundo plano, atrás de um marido, de um irmão, de um convento, ou seja, tiveram suas vozes apagadas", diz a maestrina Riane Menezes, ao ressaltar a dificuldade que as compositoras sempre encontraram de se destacar em uma área dominada pelos homens.

Maestrina Riane Menezes  e Ars Nova-Coral da UFMG. Apresentação em 2019.
Apresentação do Ars Nova-Coral em 2019, sob a regência de Riane MenezesFoto Tayane Bragança

Sobre as obras
O concerto será aberto com as obras italianas Hor che la vaga Aurora, da freira e organista Vittoria Aleotti, e Dixit dominus, da monja e organista Chiara Margaritta Cozzolani. Cozzolani foi reconhecida e aclamada em vida “por sua incomum e excelente nobreza de invenção”. Dixit dominus é um moteto escrito para oito vozes e explora a expressividade do texto do Salmo 109.

Em seguida, o coro apresenta Drei Gemischte Chöre, composta no século 19 pela pianista alemã Clara Schumann, cujo talento era comparado ao de Liszt e Rubinstein. Suas composições, que se inserem na nova escola romântica, materializam um consistente trabalho de criação de novas práticas interpretativas e revelam sólidos conhecimentos de teoria avançada e harmonia cromática.

La source, da compositora francesa Lili Boulanger, que viveu no século 19, é outro destaque do concerto. Ela foi a primeira mulher a ganhar o Prix de Rome para compositores. Essa obra marca uma mudança de paradigma artístico: Lili Boulanger abandona o tom emocional e passa a compor uma música mais descritiva, com novas possibilidades de exploração de recursos vocais em relação ao texto.

Autoras contemporâneas
Na contemporaneidade, a obra Cry peace, da estadunidense Libby Larsen, explora o misticismo. In remembrance, da canadense Eleanor Daley, é a versão musical do poema homônimo de Mary Elizabeth Frye, que descreve o sofrimento de uma jovem judia após perder sua mãe na Primeira Guerra Mundial. 

Em seguida, o coro interpreta a obra Agnus Dei, composta em 2013 pela estadunidense Emily Doll, sobre a religiosidade cristã. O Ars Nova fecha a apresentação com Dois coros mistos, de Kilza Setti (1932).

Sobre a maestrina
Riane Menezes é bacharel em piano e regência pela Escola de Música da UFMG. Trabalha com corais desde 1998, seja como  correpetidora, como integrante do naipe de sopranos ou na regência. Ela conduziu obras como A flauta mágica, de Mozart, Come ye sons of art, de Purcell, e Gloria, de Vivaldi. Desde 2016, é maestrina assistente do Ars Nova.

Com Assessoria de Comunicação do Ars Nova