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Cota de Tela no Brasil: os 96% de ocupação das salas de cinema do país com ‘Homem-Aranha’

Programa Conexões aborda consequências da distribuição em massa de blockbusters para o parque exibidor nacional

A produtora audiovisual Marina Rodrigues explica de que maneira políticas como a Cota de Tela podem proteger o mercado produtor e exibidor brasileiro
A produtora audiovisual Marina Rodrigues explica de que maneira políticas como a Cota de Tela podem proteger o mercado produtor e exibidor brasileiro Divulgação/Sony


Nas últimas semanas, o personagem Homem-Aranha tomou conta do cinema: a estreia e exibição do novo filme da franquia, Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa, reaqueceu a discussão sobre a importância da cota de tela de exibição no Brasil. O lançamento, que já arrecadou quase 200 milhões de reais no país, ocupou mais de 90% do circuito exibidor nacional. Foram 2.800 salas de cinema com o filme em cartaz, somente na estreia, no último 16 de dezembro. Esse número corresponde ao total de salas abertas no Brasil em 2014. Muitos exibidores optam por oferecer apenas esse filme, que tem grande apelo de público e finaliza a franquia do super herói da Marvel, e com isso acabam deixando de lado as demais produções, especialmente os lançamentos nacionais. 

Acontece que o Brasil, assim como outros países, possui uma política de cota de telas, assinada em 2001, que obriga que empresas exibidoras incluam em sua programação obras cinematográficas brasileiras. No entanto, o texto legislativo que trata do assunto expirou em setembro do ano passado e uma nova proposta ainda tramita no Congresso. Para entender como as distribuições em massa como a do filme Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa afetam o parque exibidor nacional e de que maneira a Cota de Tela pode regular isso, o programa Conexões desta terça-feira, 11, recebeu a produtora audiovisual Marina Rodrigues.

A entrevistada explicou como surgiu e como funciona a Cota de Tela, que visa a preservação da produção e exibição de obras cinematográficas brasileiras. No momento, a política não tem sido aplicada no país. “Mesmo a Cota de Tela estando na lei, você ainda tinha uma burocracia de que todo ano tinha que ter um decreto presidencial para dizer que a cota estava renovada. Então a partir do momento que você não tem mais esse decreto, os exibidores não são obrigados por lei a passar filme nacional. Então fica muito mais fácil burlar uma proteção de mercado quando não se tem um decreto assinado justificando”, explicou a produtora, que também detalhou as atuais movimentações em torno da proposta.

De acordo com a convidada, exibições em massa como a do novo filme da franquia de Homem-Aranha também influenciam na produção audiovisual ao impedirem a entrada de lucro para o mercado cinematográfico brasileiro, prejudicando o fomento à produções nacionais. Além disso, a produtora explicou que também existe uma falta de políticas públicas e de estímulo ao cinema nacional, que desvalorizam o conteúdo audiovisual do Brasil e contribuem para a exaltação de uma cultura que não representa o país. “A falta de formar o público, por conta da falta dessas políticas, é muito por causa disso. Não pode ser só a Cota de Tela, a gente tem que ter outras iniciativas do governo para que esses filmes nacionais consigam chegar no público final”, defendeu Marina Rodrigues.

Ouça a entrevista completa no Soundcloud.

Produção: Enaile Almeida, sob orientação de Luiza Glória 
Publicação: Enaile Almeida, sob orientação de Luiza Glória