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Covid-19: Vacinar adolescentes com Pfizer é seguro, defende professora da UFMG

De acordo com Cristina Alvim, como a Anvisa atestou a segurança do imunizante para esse grupo, não há motivos para não seguir o órgão

Vários estados e municípios já haviam iniciado a imunização de adolescentes quando o Ministério da Saúde mudou a orientação
Vários estados e municípios já haviam iniciado a imunização de adolescentes quando o Ministério da Saúde mudou a orientação Camila Batista/Semsa/FotosPublicas

Depois de recomendar a vacinação de adolescentes no Brasil, o Ministério da Saúde revisou a determinação na última quarta-feira, 15 de setembro, e passou a orientar que a imunização seja apenas para aqueles entre 12 e 17 anos com deficiência permanente, comorbidades ou privados de liberdade. A pasta alegou que os benefícios da aplicação em jovens sem comorbidades ainda não estão claramente definidos. O anúncio, acompanhado de declarações polêmicas do Ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, causou diferentes reações nos gestores municipais e estaduais. Em Minas Gerais e Belo Horizonte, por exemplo, primeiro os executivos anunciaram que acatariam a recomendação do Ministério, mas depois resolveram manter a vacinação de adolescentes em geral. Os idosos são prioridade na capital, devido à escassez de vacinas, mas os jovens receberão o imunizante da Pfizer, assim que houver doses disponíveis.

Para esclarecer questões sobre a vacinação do público de 12 a 17 anos no país, quem concedeu entrevista ao programa Conexões desta segunda-feira, 20, foi a professora do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina, assessora da Reitoria para a Área da Saúde e coordenadora do Comitê Permanente de Enfrentamento do Novo Coronavírus da UFMG, Cristina Alvim. A docente afirmou que a covid-19, em geral, se manifesta de maneira mais branda nos jovens, mas que a alta disseminação levou a um número significativo de complicações e mortes nesse grupo, aumentando a preocupação sobre ele. A cientista lembrou que dados da Sociedade Brasileira de Pediatria divulgados na última terça, 14, apontaram 2 mil óbitos nessa faixa etária. Alvim também explicou que para garantir a proteção coletiva, os jovens também não podem ficar para trás, por isso, ela e muitas entidades receberam a orientação do Ministério com estranhamento.

A pesquisadora ainda comentou as notificações de adolescentes que foram vacinados com Coronavac, AstraZeneca e Janssen, não recomendados pela Anvisa para a faixa etária. Para ela, essas pessoas devem ser observadas para o estudo de possíveis efeitos adversos. A vigilância também é fundamental em relação aos casos de miocardite e pericardite relatados após a vacinação com Pfizer nesse grupo. Alvim detalhou que os estudos internacionais não identificaram nenhuma morte por esses problemas no coração, até mesmo pelo diagnóstico e tratamento rápidos, devido à vigilância intensa. Assim, a professora defendeu que os benefícios são maiores que os riscos envolvidos na imunização.

Foi ainda ressaltada pela convidada a lentidão do processo de imunização no país em relação ao que seria desejável e a importância de garantir a segunda dose da vacina para toda a população, pois só a primeira não protege totalmente. Mesmo assim a campanha segue avançando e o país chegou ao momento de vacinar as pessoas de 12 a 17 anos. Nesse cenário de informações confusas vindas de um órgão como o Ministério da Saúde, a coordenadora do Comitê Permanente de Enfrentamento do Novo Coronavírus da UFMG destaca que a Anvisa atestou a segurança da vacina da Pfizer para os adolescentes e que a análise do órgão é rigorosa e confiável.

Como mensagem final, Cristina Alvim recomenda que os jovem que puderem se imunizem. “É um pacto coletivo, a gente tem que entender que nós vamos nos vacinar não só para nos proteger, mas para controlar a pandemia. Vamos reduzir a circulação do vírus e, com isso, vamos parar de produzir novas variantes. A doença vai entrar em um estágio que não seja tão grave e tão letal e todos nós vamos nos proteger juntos. Quando o adolescente se vacina ele não está protegendo só a ele mesmo, mas a mãe, o pai, a avó, o tio, o vizinho, o colega. É assim que vamos enfrentar a pandemia, é um pacto coletivo, vacinando todo mundo, todo o mundo literalmente, todos os países”, concluiu.

Ouça a entrevista completa no Soundcloud.

A UFMG mantém uma página especial com conteúdo sobre a pandemia. O site reúne informações sobre as pesquisas da Universidade relacionadas ao tema, materiais educativos, informes à comunidade acadêmica do Comitê coordenado pela entrevistada do programa Conexões dessa segunda, professora Cristina Alvim, entre outros. Acesse aqui.

Produção: Alessandra Dantas e Hugo Rafael
Publicação: Alessandra Dantas