Institucional

Dirigentes e militantes defendem universidade pública em evento na UFMG

Deliberações da etapa estadual da Conferência Nacional Popular de Educação serão levadas a encontro nacional, também em Belo Horizonte

Sandra Goulart Almeida: 'coragem na luta pela universidade em que acreditamos'
Sandra Goulart Almeida: 'coragem na luta pela universidade em que acreditamos' Zirlene Lemos / UFMG

“O momento é de união em defesa da educação, da ciência, da cultura, da saúde, da universidade sempre pública e de referência”, afirmou a reitora da UFMG, Sandra Goulart Almeida, ao abrir, na noite de ontem (quarta, 28), a etapa estadual da Conferência Nacional Popular de Educação, a Conape 2018, no campus Pampulha. O evento reuniu representantes de diversas entidades vinculadas à educação.

Depois de citar o geógrafo Milton Santos – “a força da alienação vem da fragilidade dos indivíduos que apenas conseguem identificar o que os separa e não o que os une” –, Sandra Goulart Almeida convocou à mobilização contra essa alienação e à luta corajosa pelos valores democráticos e republicanos. “Essa deve ser a defesa de todos nós, de todas as universidades, na construção do país em que acreditamos”, disse a reitora, que se declarou honrada por ser aquele o primeiro evento do qual participava à frente da gestão da UFMG.

A professora Analise da Silva, da Faculdade de Educação da UFMG, falou em nome do Fórum Nacional Popular de Educação (FNPE), promotor da conferência. Ela ressaltou a importância de “uma educação superior de qualidade e democrática, que inclua “mulheres, negras, negros, indígenas, pessoas com deficiência, LGBTs e transexuais”.

Cristina del Papa, uma das coordenadoras gerais do Sindifes, sindicato de servidores técnico-administrativos de instituições de ensino superior mineiras, chamou a atenção da categoria para o Acórdão 291/2018. Segundo ela, “o documento põe em xeque a forma democrática como acontece a consulta à comunidade para escolha de reitor e vice, propondo que a indicação venha do governo federal”.

O vice-reitor da Uemg, José Eustáquio de Brito, lembrou o desgaste sofrido pelo ensino superior público no país, consequência, segundo ele, de estratégia do governo federal para conduzir à privatização das universidades. Ele mencionou a situação enfrentada pela Universidade Estadual do Rio Grande do Norte (UERN). “Técnicos do Tesouro Nacional recomendaram a privatização da UERN para reduzir as despesas do Estado”, informou.

Também fizeram intervenções representantes de entidades locais, como associações e sindicatos de professores e o Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UFMG, e nacionais, como a Associação dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), a Fasubra, federação que representa servidores técnico-administrativos das universidades, a União Nacional dos Estudantes (UNE) e a Associação Nacional de Pós-graduandos (ANPG). 

O tom comum às intervenções foi de denúncia do cenário de dificuldades orçamentárias enfrentado pelas universidades públicas brasileiras, que deixam de pagar as contas de água e energia, demitem trabalhadores terceirizados e reduzem as bolsas de graduação, o que afeta diretamente os estudantes mais carentes. Segundo os relatos, há instituições que contam com apenas 8% de professores efetivos.

Até o início de abril, todas as etapas estaduais da Conape terão sido realizadas, e as deliberações desses encontros serão levadas à etapa nacional, que será realizada de 24 a 26 de maio, também em Belo Horizonte.

Os participantes fizeram um minuto de silêncio, em homenagem à vereadora carioca Marielle Franco, do PSOL, assassinada neste mês.

O evento foi gravado em vídeo, disponível na página do Projeto Pensar a Educação Pensar o Brasil no Facebook.

Analise da Silva: espaço para todos
Analise da Silva: espaço para todos Zirlene Lemos / UFMG

Zirlene Lemos / Comunicação da Pró-reitoria de Extensão