Em aula inaugural, socióloga da USP analisa onda de protestos iniciada em 2013
Pesquisas da professora Ângela Alonso alcançam o impeachment de Dilma Rousseff
![Marcelo Camargo / Agência Brasil / Creative Commons Manifestação em São Paulo, em junho de 2013](https://ufmg.br/thumbor/nU2ooKhe4Ar_EysVPslmkvhVqTo=/0x0:1276x851/712x474/https://ufmg.br/storage/0/6/5/1/0651f0900ef8e0ff9b80d7eeb3935230_15057334230054_1171626754.jpg)
Atores, formas de ação, slogans e símbolos mobilizados durante os grandes protestos públicos recentes no Brasil serão reconstruídos durante a aula inaugural do Departamento de História e do Programa de Pós-graduação em História, no próximo dia 20, quarta-feira, a partir das 19h, no auditório da Reitoria. A professora Ângela Alonso, do Departamento de Sociologia da USP, vai falar sobre A política das ruas: dos protestos de 2013 ao impeachment.
A pesquisadora, que também preside o Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), pretende demonstrar, com base em pesquisa empírica, “a heterogeneidade de pautas e agentes participantes dos eventos”. Segundo Ângela Alonso, desde o início das manifestações, em 2013, “uma agenda nacionalista e conservadora emergiu no espaço público brasileiro e tornou-se mais explícita nos anos subsequentes”.
Junto com cientistas sociais e alunos de doutorado, Ângela Alonso deu início às pesquisas ainda em junho de 2013, e o banco de dados resultante desse esforço reúne material coletado até o impeachment da presidente Dilma Rousseff, decidido em agosto de 2016.
![Arquivo pessoal Ângela Alonso: agenda nacionalista e conservadora](https://ufmg.br/thumbor/bU8ciHgaTLVwojxUEF4TQmNnXMQ=/65x0:1824x2698/352x540/https://ufmg.br/storage/3/a/2/f/3a2fc6bb45731b9e444f17bd0284925d_15056049682313_2108712166.jpg)
Segundo a pesquisadora, as manifestações foram vistas, a princípio, como um movimento progressista. “No começo, havia críticas por parte de autonomistas e anarquistas, por exemplo. Apareceram, então, as reivindicações tradicionais, relacionadas à redistribuição de renda e aos direitos trabalhistas. Num momento seguinte, surgiu o lado liberal mais clássico, pregando menos Estado e impostos, contra a corrupção”, diz Ângela Alonso. “Foi quando surgiram os slogans agressivos contra Dilma, Lula e pelo impeachment. E os críticos do governo à esquerda resolveram se diferenciar, com o discurso do ‘não vai ter golpe’.”
Doutora em Sociologia pela USP, com pós-doutorado pela Yale University (EUA), Ângela Alonso recebeu prêmios como o Jabuti e o John S. Guggenheim Foundation Award. Suas pesquisas e publicações têm-se concentrado na investigação das relações entre cultura e ação política e dos movimentos políticos e intelectuais.