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Queda nas doações de órgãos durante a pandemia no país preocupam especialistas

Em Minas Gerais, mais de 5.200 pessoas estão na fila do MG Transplantes, à espera por órgãos ou tecidos

O Brasil possui o maior programa público de transplante de órgãos, tecidos e células do mundo, acessível a toda a população através do Sistema Único de Saúde, que financia 95% dos transplantes no país.
O Brasil possui o maior programa público de transplante de órgãos, tecidos e células do mundo, acessível a toda a população pelo Sistema Único de Saúde (SUS), que financia 95% dos transplantes no país. Clarice Castro/Governo do Rio de Janeiro

Um levantamento da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO) revela que, no primeiro semestre de 2021, o número de doadores caiu 13% a nível nacional. O relatório foi publicado em agosto e também aponta queda na taxa de doadores efetivos, passando de 18,1 por milhão de habitantes, em 2019, para 15,8 por milhão de habitantes, em 2021. Isso significa que, até o ano passado, eram necessários três potenciais doadores para efetivar uma doação. Agora, são necessários quatro potenciais doadores para obter o mesmo resultado. 

O risco de contaminação e a sobrecarga hospitalar, com a lotação das UTIs, consequências diretas da pandemia de covid-19, são os principais fatores responsáveis pela baixa. Os procedimentos mais afetados foram os transplantes de pulmão, com decréscimo de 62%, rim e coração, com 34%, e fígado, com redução de 28%. O mês de setembro é dedicado à campanha do Setembro Verde, que reforça a importância da doação de órgãos e tecidos.

Para saber mais sobre o assunto e entender o impacto da pandemia no cenário de transplantes, o programa Conexões dessa terça, 28, contou com a participação da médica Adriana Carla de Miranda Magalhães, coordenadora da Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante do Hospital das Clínicas da UFMG. Em entrevista, Adriana revelou que, mesmo durante os meses mais intensos da pandemia, o Hospital das Clínicas manteve todos os serviços de transplante ativos. Mas a lotação dos leitos de UTI, em consequência da pandemia, obrigou o adiamento de transplantes não-emergenciais.

Segundo a médica, também houve um aumento significativo na fila de espera. Em Minas Gerais, esse crescimento foi de 13%, acima da média nacional de 4%. Isso preocupa a rede de saúde por causa da "mortalidade em lista". No caso de "pacientes à espera de um fígado ou um coração, por exemplo, se você não tem condições de realizar esse transplante, aumentam as chances desse paciente falecer antes de ter sua vida melhorada, prolongada pela doação".

Ouça a entrevista completa no SoundCloud.

O Hospital das Clínicas da UFMG realiza até a quarta-feira, 29, o Sexto Seminário de Doação de Órgãos, Células e Tecidos para Transplante, totalmente online e gratuito. As inscrições podem ser feitas através da plataforma Sympla por meio do link disponível no site do Centro de Telessaúde do hospital.

Produção: Enaile Almeida, sob orientação de Hugo Rafael e Alessandra Dantas
Publicação: Carlos Ortega, sob orientação de Alessandra Dantas