Pesquisa e Inovação

Em vídeo, professor da Fale mostra como os linguistas ajudam a preservar idiomas indígenas

​Produção documenta oficina realizada em aldeia no Maranhão

Fábio Duarte na Aldeia Lagoa Quieta, no Maranhão, em dezembro de 2021
Fábio Duarte em oficina na Aldeia Lagoa Quieta, no Maranhão, no fim do ano passadoReprodução

Como funciona o trabalho de campo realizado pelos linguistas ocidentais nas comunidades indígenas brasileiras? O que eles fazem – na prática – para conseguir estabelecer uma ponte entre dois universos sintáticos, semânticos e culturais tão distintos? Que tipo de atividades de fato realizam? Vídeo publicado recentemente pelo professor Fábio Bonfim Duarte, da Faculdade de Letras, oferece uma noção de como esse trabalho se dá. Duarte tem se dedicado ao estudo sistemático da sintaxe das línguas indígenas brasileiras

O vídeo mostra atividades de uma oficina de documentação e promoção da língua Guajajara (ramo da língua Tenetehára, da família linguística Tupi-Guarani), realizada por Bonfim e sua equipe na Aldeia Lagoa Quieta, na terra indígena Arariboia, no Maranhão, em dezembro de 2021, no âmbito de projeto financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais. O projeto também é apoiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), pela Faculdade de Letras da UFMG, pela Pró-reitoria de Pesquisa (PRPq) e pelo Laboratório de Línguas Indígenas da UFMG, que é coordenado pelo professor.

Fábio Duarte explica no vídeo o trabalho desenvolvido. “Estivemos aqui em várias etapas, ao longo das últimas semanas, para desenvolver atividades de documentação, descrição e promoção da língua Guajajara. As atividades incluíram treinamento intensivo de leitura e produção da língua escrita e produção de material oral, com a gravação de áudios com os mais velhos. Também coletamos uma série de narrativas que constituem os conhecimentos que essas pessoas têm da história do povo Guajajara. Buscamos resgatar e registrar as falas dos mais velhos, para que essas narrativas fiquem para as próximas gerações”, relatou o professor.

Autonomia para documentar a língua
Segundo o linguista, um segundo objetivo da atividade foi o de trabalhar, com os indígenas, aspectos relativos à ortografia da língua. “É importante que eles dominem a ortografia, o alfabeto e os sons da sua língua, as consoantes e as vogais, para que, num futuro próximo, eles mesmos possam desenvolver atividades de documentação da língua”, explicou o professor.

Em um trecho do minidocumentário, um professor da tribo, Antonio Gomes Guajajara, explica em português a importância do trabalho realizado pela equipe da UFMG em favor de sua comunidade. “Esse estudo é muito relevante para nós, pois temos uma deficiência muito grande na escrita da nossa língua materna. Falamos cotidianamente a nossa língua, mas precisamos aprender mais a escrita. Esse treinamento é importante para que os jovens e os professores tenham conhecimento e para que possamos ensinar a nossa língua escrita na escola”, afirmou. Assista ao vídeo.

Ewerton Martins Ribeiro