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Empecilhos e avanços na vacinação infantil no Brasil

Em quase um mês, 15% das crianças de 5 a 11 anos do país já estão vacinadas contra a Covid-19, depois de grande atraso graças a objeções do governo

“O risco é mínimo e o benefício de vacinar é enorme”, comenta pediatra e professora Cristina Dias sobre vacinação de crianças
“O risco é mínimo e o benefício de vacinar é enorme”, comenta pediatra e professora Cristina Dias sobre vacinação de crianças Edilson Dantas/Divulgação

O Brasil já está quase completando 1 mês desde o início da vacinação de crianças de 5 a 11 anos contra a Covid-19. Segundo o Ministério da Saúde, até o momento, 15% da faixa etária já recebeu pelo menos uma dose dos imunizantes disponíveis. Apesar de já ser uma realidade em alguns países desde o ano passado, a vacinação infantil no Brasil sofreu oposição do presidente Jair Bolsonaro e de seus assessores e aliados, atrasando a aplicação das doses e levantando dúvidas nos pais. 

Segundo o presidente, em declarações dadas ao longo do ano passado e começo deste ano, as vacinas ainda estariam em fase experimental e podem apresentar risco para as crianças, que só deveriam ser vacinadas com autorização dos responsáveis e a apresentação de prescrição médica. Cabe ressaltar que as vacinas utilizadas pelo Brasil não têm caráter experimental e já passaram por todos os processos estabelecidos internacionalmente para a produção de imunizantes. Algumas delas, como a Pfizer, já obtiveram o registro definitivo da Anvisa. Ou seja, são imunizantes amplamente testados e comprovadamente seguros.

Na segunda-feira, senadores da Comissão de Direitos Humanos aprovaram a convocação do Ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, para explicar o atraso na vacinação infantil contra o coronavírus, que já havia sido aprovada pela Anvisa desde meados de dezembro. O Brasil é o segundo país onde há mais óbitos de crianças por Covid-19 e muitos hospitais com leitos infantis já estão totalmente ocupados, como é o caso do hospital infantil João Paulo II, de Belo Horizonte. Portanto, ao contrário do que diz o senso comum, as crianças estão em risco de desenvolverem formas graves da doença e é de suma importância o avanço na aplicação das doses. 

Para conversar sobre a vacinação infantil, o programa Conexões desta quinta-feira, 10, recebeu a pediatra e professora da Faculdade de Medicina da UFMG, Cristiane Dias. A convidada reforçou a segurança das vacinas contra a Covid-19, comentando sobre os possíveis efeitos colaterais, o impacto nas crianças e o risco mínimo diante do grande benefício de proteger esse grupo. “A gente tem que pensar que essa é uma arma que ajuda a gente a proteger as nossas crianças. Vacinar é um ato de proteção, é um ato de cuidado e de amor. A gente tem que entender que a criança é sim vulnerável, é um risco que não deve ser negligenciado quando temos uma arma tão potente e tão segura como a vacina”, declarou a professora.

Dias também falou sobre as possíveis complicações e sintomas que podem ser causados nas crianças que contraem o vírus, riscos da chamada Covid longa, para além do risco de morte. Outras questões comentadas pela entrevistada foram a falta de campanhas em prol da vacinação infantil no Brasil, os reflexos da desigualdade social na disparidade entre os estados do país com relação à vacinação das crianças e o crescimento do movimento antivacina no território.

Ouça a entrevista completa no Soundcloud.

Até o momento, segundo o Ministério da Saúde, 15% das crianças de 5 a 11 anos já foram imunizadas com pelo menos uma dose. Mais informações sobre o andamento da vacinação infantil em Belo Horizonte no site da prefeitura. Para vacinar, é necessário que a criança esteja acompanhada dos pais ou responsáveis e apresentar, preferencialmente, o documento de identificação com foto ou certidão de nascimento, CPF, comprovante de endereço e cartão de vacina.

Produção: Carlos Ortega, sob orientação de Luiza Glória
Publicação: Enaile Almeida, sob orientação de Hugo Rafael