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Empregada doméstica e escritora, Gil Santos reúne histórias reais no primeiro livro

'Minha Vida, Minhas Histórias', marca a estreia da autora que tem Carolina Maria de Jesus como uma de suas inspirações

Além de escritora e empregada doméstica, Gil Santos também atua em projetos sociais e, atualmente, se divide entre missões no estado do Rio e no nordeste brasileiro.
Além de escritora e empregada doméstica, Gil Santos também atua em projetos sociais e, atualmente, se divide entre missões no estado do Rio e no nordeste brasileiro. Arquivo pessoal

Aos 60 anos e após décadas trabalhando como empregada doméstica, Gil Santos se lança como escritora com o livro Minha Vida, Minhas Histórias, que reúne acontecimentos de suas trajetórias pessoal e profissional. Gil cresceu em Vila de Cava, na cidade de Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro, e começou a se dedicar à escrita como um exercício terapêutico, quando precisou parar de trabalhar devido a um problema no joelho. Após ver o filme Histórias Cruzadas, que conta a história de empregadas domésticas negras nos Estados Unidos durante os anos 60, ela se lançou no projeto que viria a se tornar sua primeira publicação. Além de compartilhar experiências pessoais, Gil expõe a realidade de trabalho de boa parte das profissionais na relação entre patrão e empregado.

Em entrevista ao programa Universo Literário dessa quinta, 30, a autora falou sobre a sua jornada, desde o início do processo de escrita até o lançamento da obra, e ressaltou que os relatos remontam à sua infância, quando costumava dormir ao som da voz do pai contando histórias, e citou como uma de suas maiores influências Carolina Maria de Jesus. Gil lembrou que a escritora, assim como ela, também foi empregada doméstica e nunca perdeu as esperanças. 

Outro ponto abordado na entrevista à Rádio UFMG Educativa foi a discriminação que cerca a profissão de empregada doméstica. Gil analisou essa violação como algo recorrente e que envolve, por exemplo, a separação entre o elevador social e o elevador de serviço. "Quando você entra em um prédio, normalmente, os porteiros naturalmente já estendem o braço e falam 'A entrada é por ali'. Ali, a gente já vê o preconceito, não só com as empregadas domésticas, mas com qualquer outro trabalhador que vai fazer um serviço na casa de outra pessoa. No meu caso, eu só podia utilizar o elevador social quando acompanhada de um bebê, de uma criança ou dos meus patrões" relembrou a escritora que atualmente concilia seu trabalho como empregada com compromissos relacionados ao lançamento do livro.

Ouça a entrevista completa no SoundCloud.

Minha Vida, Minhas Histórias está disponível em formato de e-book no site da Amazon. Para acompanhar os trabalhos de Gil Santos, acesse o perfil da autora no Instagram.

Produção: Alexandre Miranda e Flora Quaresma, sob orientação de Alessandra Dantas e Hugo Rafael
Publicação: Carlos Ortega, sob orientação de Alessandra Dantas