Ensino

Estudantes e lideranças indígenas reivindicam manutenção de recursos para formação

Em audiência de boas-vindas das comunidades à nova gestão da UFMG, vice-reitor reforçou relevância do curso e garantiu empenho

Rituais com danças e cantos no saguão da Reitoria: 'gerar energia positiva'
Rituais com danças e cantos no saguão da Reitoria: 'gerar energia positiva' Foca Lisboa / UFMG

A preocupação com a manutenção dos aportes de recursos que viabilizam a realização da Formação Intercultural de Educadores Indígenas (Fiei), na UFMG, foi a tônica de audiência realizada na última terça-feira, na Reitoria. Lideranças das comunidades representadas no curso (Xacriabá, Maxacali, Guarani, Pataxó e Pataxó Hã-hã-hãe), que formam o conselho consultivo da formação, professores e estudantes foram recebidos pelo vice-reitor Alessandro Fernandes Moreira. A cada mudança de gestão na Universidade ou na Faculdade de Educação (FaE), eles se apresentam para dar boas-vindas e expor suas demandas.

De acordo com a professora da FaE Marina Lima Tavares, coordenadora do Fiei, o MEC anunciou corte de 50% nos recursos para 2018, e o curso ainda utiliza sobras dos valores relativos a 2017. Além disso, os repasses da bolsa-permanência, que garante as despesas básicas dos estudantes, estão fechados para novos alunos, segundo o governo. “Uma novata ainda não foi inscrita no programa, e teremos outros 35 alunos em agosto”, diz a coordenadora. Hoje o Fiei tem 134 indígenas matriculados. “Os problemas de quantitativo e prazos dos repasses estão atrasando e prejudicando as atividades”, afirma Marina.

Alessandro Moreira garantiu que não faltará empenho da administração central para resolver essas questões. “O Fiei continua a merecer toda a nossa atenção, porque se trata de projeto de grande relevância e alcance social. Temos que encontrar alternativas”, afirma o vice-reitor, informando que haverá novas reuniões com a direção da FaE, a coordenação do Fiei e representantes dos estudantes.

A Formação Intercultural de Educadores Indígenas, curso regular da FaE iniciado em 2009, vai formar sua sexta turma em setembro. O curso foi construído a partir de movimento dos próprios indígenas, interessados em formar professores para as escolas das comunidades e também novas lideranças.

Turmas futuras
“Precisamos de educação, e é importante que a Reitoria ouça nossas reivindicações. É preciso garantir recursos para nossa permanência e para a manutenção do Fiei, para que as futuras turmas alcancem o mesmo que nós”, disse, no dia da audiência, o estudante de matemática Manuel, da comunidade Xacriabá do Norte de Minas. “Estão cortando nossos territórios e acabando com nossa educação.” Manuel participava de danças e cantos ritualísticos que os indígenas realizaram no saguão da reitoria, para gerar energia positiva para os líderes em audiência.

Durante a reunião, líderes e estudantes fizeram também reivindicações mais amplas, como o reconhecimento dos indígenas como professores nos municípios e apoio aos professores que enfrentam dificuldades para chegar às comunidades”. Cada dia que passa os recursos diminuem, precisamos ter certeza de que os curós não vão parar”, disse Evaldo, líder Pataxó da aldeia de Barra Velha, na Bahia.

As lideranças também reforçaram a demanda por uma moradia para os estudantes indígenas que vêm estudar na UFMG. O professor Tarcísio Vago, pró-reitor de Assuntos Estudantis, respondeu que a moradia é um desejo e um compromisso, mas que ainda não há recursos para a construção.

Audiência na Sala de Sessões:
Audiência na Sala de Sessões: demandasFoca Lisboa / UFMG