Coberturas especiais

Iniciativas da UFMG estão alinhadas aos objetivos do desenvolvimento sustentável

Pesquisadores e dirigentes apresentaram, durante a Semana do Conhecimento, projetos em áreas como nanomateriais e economia de energia

Gilberto Medeiros: instituições fortes
Gilberto Medeiros: instituições fortes Reprodução de tela: Raphaella Dias | UFMG

De formas diversas, projetos de pesquisa – em todas as áreas do conhecimento – e de gestão da UFMG contribuem fortemente para o avanço na busca dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, estabelecidos pelas Nações Unidas. Em mesa realizada na manhã desta sexta, 29, na programação da Semana do Conhecimento, pesquisadores e dirigentes da Universidade apresentaram iniciativas bem-sucedidas nas áreas da nanotecnologia, gestão da inovação, cooperação internacional e racionalização do consumo de energia.

Diretor da Coordenadoria de Transferência e Inovação Tecnológica (CTIT), o professor Gilberto Medeiros iniciou salientando que a sustentabilidade não é incompatível com resultados econômicos positivos, como muitos defendem. Ele mostrou, com gráficos, que empresas que valorizam os aspectos ambiental, social e de governança têm obtido resultados ainda melhores que aquelas que anda não investem nesse tripé.

Medeiros apresentou casos de destaque no que se refere a patentes da UFMG, por exemplo, em biocombustíveis, limpeza de águas contaminadas, produção de alimento de baixo custo e monitoramento de fake news em aplicativos de mensagem. “Esses e muitos outros casos mostram a importância de termos no país instituições fortes, que atuem com liberdade e disponham de recursos para a pesquisa”, afirmou o professor do Departamento de Ciência da Computação.

Para Gilberto Medeiros, é muito clara a relação da ciência básica com os objetivos do desenvolvimento sustentável. “Testemunhamos constantemente que iniciativas de pesquisa básica são indutoras de toda e qualquer inovação”, disse. O diretor da CTIT destacou que 2022 será o Ano Internacional das Ciências Básicas e do Desenvolvimento Sustentável e afirmou que a UFMG participa dos esforços de investigação e inovação em todos os campos, das energias renováveis ao sequenciamento de DNA e à inteligência artificial.

Vanguarda em nanotecnologia
O professor Marcos Pimenta, do Departamento de Física do ICEx, ressaltou que a UFMG esteve sempre à frente das pesquisas com nanomateriais de carbono, que são extremamente versáteis e têm múltiplas aplicações tecnológicas. Ele falou da construção do projeto CTNano (Centro de Tecnologia em Nanomateriais e Grafeno) da UFMG, cuja origem remonta a 1998, com o pioneirismo do professor Luiz Orlando Ladeira.

Marcos Pimenta: valorização de talentos
Marcos Pimenta: valorização de talentos Reprodução de tela: Raphaella Dias | UFMG

Mencionou também o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) em Nanomateriais de Carbono, que sempre teve forte participação da UFMG e viabilizou a atuação em rede de pesquisadores que se dedicam à produção e aplicações dos materiais, divulgação, transferência de tecnologia e a uma vertente que une segurança, meio ambiente e saúde. Coordenador do CTNano por muitos anos e atualmente à frente do INCT, Pimenta salientou que o Centro, instalado desde 2018 em prédio no Parque Tecnológico de Belo Horizonte (BH-TEC), faz a ponte entre academia e indústria – exemplos de cooperação são a Petrobras e fabricantes de cimento.

“O CTNano foi possível porque aproveitamos a oportunidade nos anos em que houve investimento significativo dos governos federal e estadual. E apostamos na formação de recursos humanos. Os talentos precisam ser valorizados”, concluiu  Marcos Pimenta.

Modelo em gestão de energia
A UFMG iniciou, há alguns anos, esforços com foco na redução de despesas com água e energia. O Projeto Oásis, iniciado em 2019, visa à revisão e adequação de contratos, redução de consumo e geração própria. O Oásis foi o tema principal da apresentação do professor Sidelmo Magalhães Silva, da Escola de Engenharia.

Sidelmo Magalhães: novo paradigma
Sidelmo Magalhães: novo paradigma Reprodução de tela: Raphaella Dias | UFMG

Ele explicou que a geração própria de energia tem três vertentes: fontes renováveis, cogeração qualificada e armazenagem em baterias. Os três centros de atividades didáticas do campus Pampulha terão usinas fotovoltaicas funcionando até o ano que vem. Só essas três estruturas deverão gerar economia de R$ 300 mil ao ano.

As microturbinas a gás, que oferecem vantagens como alta eficiência, baixo ruído e manutenção rápida e simples, produzirão energia equivalente a R$ 2,5 milhões anuais. Por sua vez, a armazenagem de energia dos períodos de maior disponibilidade de sol para uso nos horários em que o consumo é mais caro vai gerar redução de R$ 3 milhões a R$ 4 milhões por ano. “Estamos vivendo uma mudança de paradigma, seremos referência para outras instituições públicas”, afirmou o professor do Departamento de Energia Elétrica.

Universalismo qualificado
Último a se apresentar, o diretor-adjunto de Relações Internacionais da UFMG, Dawisson Belém Lopes, lembrou que as abordagens anteriores destacaram situações concretas de respeito aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável. E afirmou que construir o futuro passa, certamente, pela inserção efetiva no cenário internacional.

Dawisson Lopes: atuação propositiva
Dawisson Lopes: atuação propositiva Reprodução de tela: Raphaella Dias | UFMG

Entre as iniciativas da UFMG na área de internacionalização, o professor do Departamento de Ciência Política da Fafich mencionou a análise constante de números que mostram como está a Universidade no mundo, a implantação de disciplinas ofertadas em língua estrangeira – hoje são 32 na graduação e 48 na pós –, a criação e valorização dos seis centros de estudos regionais e a participação em diversas redes multilaterais de pesquisa.  

A UFMG tem parceria com quase 500 instituições de 61 países, e cerca de 3 mil de seus alunos participam de algum programa de proficiência linguística da instituição. Ele enfatizou a relevância da cooperação internacional. “Cooperar nunca é trivial, demanda negociação e identificação das zonas de convergência. Nossa atuação tem sido propositiva, em busca de um universalismo qualificado, ou seja, as relações têm de ser alinhadas a nossos propósitos de cooperação no mais alto nível, em todos os segmentos em que a Universidade atua”, disse Dawisson Lopes. "Estamos entre as melhores instituições do Brasil e da América Latina em todos os rankings mais reconhecidos, e isso se deve ao trabalho incansável de toda a comunidade acadêmica.”

A mesa foi mediada pela professora Geane Alzamora, do Departamento de Comunicação Social da Fafich. O evento está gravado no canal da CAC-UFMG no YouTube.

Itamar Rigueira Jr.