Pessoas

Jacyntho Lins Brandão é eleito para a Academia Mineira de Letras

Professor de língua e literatura grega, que assumirá a cadeira 25, publicou volumes sobre teoria literária e obras de ficção

Jacyntho Lins Brandão
Jacyntho Lins Brandão foi diretor da Faculdade de Letras e vice-reitor da UFMG Foto: Foca Lisboa / UFMG

Na última semana, o professor da Faculdade de Letras (Fale) da UFMG Jacyntho Lins Brandão, uma das figuras mais importantes dos estudos clássicos no Brasil, foi eleito para a Academia Mineira de Letras. O professor de língua e literatura grega assumiu a cadeira de número 25, que antes fora ocupada pelo ex-governador de Minas Gerais Francelino Pereira dos Santos, falecido em 21 de dezembro de 2017.

Professor titular da Faculdade de Letras, Jacyntho leciona na UFMG desde 1977. Foi diretor da Fale por duas vezes, nas gestões 1990-1994 e 2006-2010. Na gestão 1994-1998, foi vice-reitor da Universidade. Foi também professor visitante na Universidade de Aveiro, em Portugal, no período 1998-1999, na Universidad Nacional del Sur, na Argentina, em 2001, e na École des Hautes Études en Sciences Sociales (EHESS), na França, também em 2001.

asdasd


Jacyntho publicou diversos volumes de teoria literária, nos quais se ocupa geralmente da literatura grega clássica (seja das teorias literárias gregas, seja da própria vertente ficcional das obras do período, pondo em cena a tese de que o romance, como gênero, remonta na verdade não apenas à modernidade, mas aos gregos dos dois primeiros séculos depois de Cristo), do ensino de grego antigo e da filosofia grega (particularmente, Platão). 

Do policial ao acádio
Ele também escreveu o romance O fosso de Babel, em 1997, de matizes autoficcionais. Na obra, que ocasionalmente flerta com o romance policial, um professor de grego recebe uma misteriosa caixa de papéis em que constam, entre outras coisas, um romance assinado pelas iniciais J. L. e um bilhete supostamente enviado por uma ex-aluna. No decorrer da trama, um complexo jogo ficcional vai se radicalizando, e vários aspectos caros à própria teoria literária são gradativamente postos em cena, entre eles a voz narrativa, a identidade, a autoria, o gênero, os espelhamento e os duplos.

Em dezembro do ano passado, Jacyntho lançou uma tradução para o português da “epopeia” de Gilgámesh, de Sin-léqi-unnínni, livro escrito no século 13 a.C. sobre tábuas de argila e em acádio, a mais antiga língua semítica registrada. O professor da Faculdade de Letras da UFMG traduziu Ele que o abismo viu: Epopeia de Gilgámesh partindo da mais nova edição crítica do texto acádio, que contempla tábuas de argila que, descobertas neste século, não tinham sido contempladas em traduções anteriores. No campo Livros publicados/organizados ou edições de seu currículo Lattes, constam 18 itens, entre obras de ficção e de teoria.