Saúde

Janeiro Branco alerta para a importância do cuidado com a saúde mental e emocional

Campanha convida a debater e criar espaços de acolhimento sobre o assunto e sua importância

Professor e psicólogo Cláudio Paixão destaca a importância das redes de apoio e do acolhimento para o cuidado com o bem estar mental
Professor e psicólogo Cláudio Paixão destaca a importância das redes de apoio e do acolhimento para o cuidado com o bem estar mental Reprodução: Nova Escola/Julia Coppa

Janeiro é o mês do recomeço. Início de um novo ciclo, é quando nossas resoluções têm uma partida: temos muitos planos para o ano novo. E por esse motivo, o primeiro mês do ano foi o escolhido para que dediquemos nossa atenção à saúde mental e emocional. É a campanha Janeiro Branco, que, na esteira das reflexões e resoluções, incentiva as pessoas a falarem mais sobre a saúde mental e emocional. 

A campanha faz um amplo chamado e te convida a reunir a sua turma, falar com colegas de trabalho, da escola, chamar a família e organizar palestras, rodas de conversa, caminhadas, tira-dúvidas sobre qualidade emocional de vida, entrevistas e atividades on-line para espalhar a boa notícia de que Saúde Mental tem jeito sim, mas todo mundo precisa aprender o que fazer! A Campanha não é uma programação específica, idealizada por uma instituição. É o convite para que a gente atue ativamente, debatendo e criando espaços de acolhimento sobre o assunto. Fazendo sua parte na Rádio UFMG Educativa, o programa Conexões desta segunda-feira, 17, recebeu o professor da Escola de Ciência da Informação, doutor em psicologia social e psicólogo clínico Cláudio Paixão, para falar sobre saúde mental e emocional. 

O convidado comentou a estranheza acerca desses conceitos e a dificuldade que as pessoas têm de compreender o que eles representam. “Devia ser natural para as pessoas, entenderem que eu preciso encontrar um ponto de equilíbrio, eu preciso encontrar um lugar onde se esteja estável, onde eu não me sinta sobrecarregado com as dores e com as questões da vida. Mas isso é tudo muito bonito na teoria”, refletiu, explicando que o bem estar mental não é o estado de plena felicidade, mas de consciência de que está tudo bem estar vivo, em que existe uma relação interessante com as coisas e pessoas ao redor, mesmo apesar das dores e problemas.

O professor contou que é normal que as pessoas tenham momentos em que se sentem perdidas e que é uma questão de saúde falar sobre isso, para que se torne natural entender que é importante sentir, chorar e ser ouvido. “A vida não se encerra nos problemas, talvez até comece mesmo quando a gente encara os problemas. É a partir das experiências difíceis que a gente consegue entender o que tem de bom na nossa vida”, afirmou o psicólogo. Paixão também falou sobre o estigma da loucura ainda associado à procura da ajuda profissional, que representa ainda um obstáculo para o bem-estar mental e emocional, e sobre a desmitificação da terapia. 

Além disso, comentou sobre a influência do contexto social no estado psicológico das pessoas e levantou possíveis alternativas do que cada indivíduo precisa aprender e fazer para melhorar a própria saúde e a daqueles a seu redor, ampliando as estratégias para além das orientações mais comuns e destacando a necessidade de criar redes de apoio. “A gente não consegue resolver o mundo, a vida, sozinhos. Nós somos seres sociais. Então, se a gente tem uma sociedade doente, nós vamos ter pessoas doentes. A saúde mental passa inclusive por criar uma sociedade acolhedora, uma sociedade que nos alimente”, destacou o docente.

Ouça a entrevista completa no Soundcloud.

Produção: Luiza Glória
Publicação: Enaile Almeida, sob orientação de Hugo Rafael