A bióloga, bioquímica e neurocientista Maria Elena de Lima Perez Garcia, professora aposentada do Departamento de Bioquímica e Imunologia do Instituto de Ciências Biológicas (ICB), foi homenageada durante o 1º Congresso Internacional de Animais Venenosos, realizado na Universidade Federal de Roraima (UFRR), em Boa Vista. Ela foi reconhecida por suas descobertas sobre diferentes formas de uso da toxina da Phoneutria nigriventer, a aranha armadeira.

O prêmio foi entregue a toxinologistas brasileiros pela revista Toxins, de acesso aberto, uma das referências na área de venenos e toxinas. Ela foi saudada por seu ex-orientando no doutorado Steve Peigneur, pesquisador da Universidade de Leuven, na Bélgica, que exaltou a importância do conjunto das pesquisas da cientista e seu trabalho na formação de novos pesquisadores e no desenvolvimento de produtos na área.

Um desses produtos é um novo tratamento para disfunção sexual derivado do veneno da aranha armadeira, que rendeu patentes em mais de 20 países; outros dez depósitos de patentes estão em análise.

A tecnologia, que foi transferida para a empresa brasileira Biozeus Biofarmacêutica, valeu à pesquisadora o prêmio Champions of science storytelling challenge (edição América Latina e Caribe), da Johnson & Johnson, em 2019. Neste mês de dezembro de 2022, foram finalizados os estudos de fase clínica 1 com o peptídeo ativo usado no tratamento da disfunção erétil. A continuidade do desenvolvimento dos estudos gerou outras potenciais aplicações clínicas do mesmo peptídeo, que tem ações farmacológicas baseadas na sua propriedade liberadora de óxido nítrico, que pode ser ativo contra o glaucoma, na neuropatia isquêmica óptica, na síndrome respiratória aguda, na hipertensão pulmonar e na psoríase.

Maria Elena trabalha em conjunto com a Nottingham University (Inglaterra), Université de Leuven (Bélgica), Florida Institute of Technology (EUA) e laboratórios na França. Membro do Conselho da Sociedade Brasileira de Bioquímica (SBBq) e do Conselho da Sociedade Brasileira de Toxinas (SBTX) e da Câmara de Ciências Biológicas da Fapemig, Maria Elena segue sua carreira de professora e pesquisadora na Faculdade Santa Casa de Belo Horizonte. É também professora voluntária na UFMG, onde continua orientando trabalhos de pós-graduação.