Pesquisa indica que pessoas obesas são mais suscetíveis ao agravamento da covid-19
Em entrevista à UFMG Educativa, professora Adaliene Versiani, do Departamento de Nutrição da UFMG, esclareceu alguns aspectos da pesquisa
Pessoas obesas tendem a desenvolver quadros mais graves da covid-19, segundo indicam várias pesquisas sobre a doença causada pelo novo coronavírus. Uma pesquisa realizada nos Estados Unidos indica que a obesidade severa por si mesma aumenta em até quatro vezes o risco de morte por covid-19. Esse tipo de obesidade é constatada em pessoas com índice de massa corporal igual ou superior a 40 quilos por metro quadrado. Ou seja, o estudo considerou somente o caso de pacientes muito obesos.
A pesquisa foi publicada na semana passada, no periódico especializado Annals of Internal Medicine. O estudo analisou dados de mais de cinco mil pacientes que tiveram o teste positivo para o novo coronavírus. O risco causado pela obesidade foi ajustado no estudo, com a exclusão de fatores extras de risco, como diabetes, hipertensão e problemas cardíacos. Os resultados defendem que pacientes muito obesos têm até quatro vezes mais chance de morrer pela covid-19, especialmente homens com 60 anos ou com menos idade.
Em entrevista ao programa Conexões, da Rádio UFMG Educativa, nesta quinta-feira, 20, a professora Adaliene Versiani, do Departamento de Nutrição da UFMG, explicou que, nos Estados Unidos, país onde 40% da população sofre com a obesidade, foi possível, finalmente, avaliar os riscos do sobrepeso em excesso isolado de outros fatores de risco para o agravamento da covid-19.
"A pesquisa foi realizada em um país onde a própria obesidade é considerada uma epidemia. Até então, com o foco das infecções em Itália e China, pela característica das populações, identificou-se que a idade, doenças autoimunes, hipertensão e doenças metabólicas associadas gerariam uma complicação nos desfechos da doença. Nos Estados Unidos, foi possível desassociar a obesidade desses outros fatores de risco e incluí-la como, de fato, um promotor da complicação da infecção pela covid-19", contextualizou.
De acordo com a professora, o estudo foi feito por meio do acompanhamento dos pacientes por 21 dias, indo do diagnóstico até o desfecho final, independentemente da hospitalização ou não do paciente. Com isso, foi possível separar os efeitos do ICM dos efeitos de outros fatores de risco para a covid-19. Outra conclusão do trabalho é que, para homens, a obesidade traz mais riscos que para as mulheres.
"Uma das explicações seriam os hábitos de vida, mas isso não é suficiente para explicar as diferenças. Isso ainda está em estudo, mas um dos possíveis diferenciais entre homens e mulheres, que gera maior risco para os homens, seriam as questões hormonais", analisou.
É importante ressaltar que nada justifica o preconceito contra pessoas obesas ou com sobrepeso.