Pesquisa e Inovação

Pesquisador da UFMG desenvolve estudo sobre desenvolvimento agrícola e doenças tropicais

Doenças tropicais são aquelas classificadas por especialistas como doenças negligenciadas

O projeto avaliou 11 doenças tropicais e a Covid-19
Projeto avaliou 11 doenças tropicais e a covid-19 Bruno Kelly / Fotos públicas / CC BY-NC 2.0

A dispersão de doenças na Amazônia está diretamente relacionada à trajetória de desenvolvimento agrícola dos municípios e à perda de biodiversidade. É o que indica o estudo publicado neste mês na revista Frontiers in Public Health. A autoria é de pesquisadores do projeto Trajetórias, do Centro de Síntese em Biodiversidade do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), com participação do pesquisador Milton Barbosa, que realiza residência pós-doutoral no Laboratório de Ecologia Evolutiva de Biodiversidade do ICB, na UFMG. 

Segundo o estudo, a covid-19, por exemplo, espalhou-se com facilidade em todos municípios pois o espalhamento se relaciona ao tráfego de pessoas. Ainda de acordo com o estudo, a malária prevalece em municípios com perfil agroextrativista e com cobertura florestal, ou seja, metade do território amazônico. Além de abrir horizontes para monitorar o potencial avanço de doenças nos municípios amazônicos, o estudo inova com uma abordagem sistêmica na qual as perspectivas epidemiológicas, econômicas e ambientais são consideradas conjuntamente.

Nesta terça-feira, 20, o programa Conexões recebeu o pesquisador Milton Barbosa. Na entrevista com a jornalista Luíza Glória, ele detalhou aspectos da pesquisa que relaciona a dispersão de doenças na Amazônia com a trajetória de desenvolvimento agrícola. 

“Quando você desmata uma floresta, você aumenta a borda entre o ambiente selvagem e o ambiente que o homem modificou, e ela tem as condições para a proliferação desses mosquitos. E quando você traz o rebanho para perto dessa borda, facilita o transbordamento do vírus dos animais selvagens para os rebanhos, depois, para os animais domésticos, e, por fim, para o homem. Então, isso muda o ciclo de transmissão da doença, além de quebrar o controle natural das espécies que são reservatório, passando a ter a superpopulação dessas espécies que são transmissoras”, explicou.

Produção: Laura Portugal, sob orientação de Luiza Glória

Publicação: Flora Quaresma, sob orientação de Hugo Rafael