Institucional

Política de inovação 'infunde vida nova' às ações de pesquisa, ensino e extensão, diz reitora

Diretrizes foram discutidas em webinário nesta quarta; documento continua aberto a sugestões

Gestores apresentaram suas expectativas diante da consolidação das diretrizes da política de inovação
Gestores apresentaram suas expectativas diante da consolidação das diretrizes da política de inovação Reprodução de tela: Raphaella Dias | UFMG

Na véspera das atividades do Dia Nacional da Ciência, celebrado em 8 de julho, a UFMG promoveu mais uma rodada de discussão acerca das diretrizes que consolidarão sua política de inovação. “Um momento oportuno, porque, mesmo sendo reconhecida pela Clarivate Analytics com o Prêmio de Inovação Universidades, por ser a universidade pública com maior número de patentes, a UFMG está preocupada com o futuro da ciência, da educação e da tecnologia em nosso país”, afirmou a reitora Sandra Regina Goulart Almeida, na manhã desta quarta-feira, 7, durante webinário de apresentação da política.

A reitora reiterou que o documento, disponível para comentários da comunidade acadêmica até a próxima sexta-feira, 9 de julho, e que será encaminhado para aprovação do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe), “consolida as diretrizes da política de inovação da UFMG e trará mais segurança jurídica para o trabalho que vem sendo realizado com maestria”. Ela destacou ainda que "o próprio tema da Universidade, incipit vita nova, tem tudo a ver com o conceito mais ampliado de inovação, pois propõe infundir vida nova a todas as áreas do conhecimento, de forma transversal e articulada com as ações de pesquisa, ensino e extensão”.

Para o vice-reitor Alessandro Fernandes Moreira, “inovação e empreendedorismo são dimensões da formação acadêmica que se expressam como valores que ajudam a consolidar a pesquisa básica, essencial para que haja inovação e consolidação do processo de transferência do conhecimento para a sociedade".

O pró-reitor de Pesquisa, Mario Montenegro Campos, expôs dados que comprovam a expressiva participação da UFMG em rankings nacionais e internacionais, inclusive o apresentado pela base Web of Science, sobre o crescimento da interação com a indústria, de 12% ao ano. Na avaliação do dirigente, essa é uma tendência que se manterá nos próximos anos, uma vez que a Universidade decidiu constituir “uma política baseada em promoção de iniciativas de inovação em todas as áreas do conhecimento, de maneira interdisciplinar e transversal".

Núcleo de Inovação Tecnológica
A criação do Fórum de Inovação, em 2019, com representação da Pró-reitoria de Pesquisa, da Fundep, da CTIT e do BHTec, de docentes das áreas de ciências da vida, da natureza e humanidades, e de membros externos, também foi destacada pelo professor Mario Campos como fundamental para avanços nos princípios jurídicas que regulamentam as ações da política de inovação.

Uma dessas regulamentações, que se constitui em modelo original para as políticas de inovação no país, foi a criação do NIT (Núcleo de Inovação Tecnológica) de caráter misto, por meio de contrato celebrado entre CTIT, Fundep e BHTec. “É uma parceria calcada na complementariedade”, definiu o presidente da Fundep, professor Jaime Arturo Ramírez.

“Após ampla discussão do Fórum, decidiu-se que, em vez da CTIT constituir-se como pessoa de personalidade jurídica própria para constituição do Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT), entendemos que a Fundep, com seus 40 anos de experiência como instituição de direito privado, personalidade jurídica própria, sem fins lucrativos, poderia complementar o trabalho da CTIT. Isso sem prejuízo das especificidades de cada instância", argumentou Ramírez.

O contrato inicial, finalizado neste ano, deu lugar a novo contrato, que dará base, nos próximos três anos, a dimensões como proteção e gestão da propriedade intelectual, empreendedorismo, gestão estratégica e transferência de tecnologia.

Outro aspecto da parceria que deve ser destacado, segundo o professor Jaime Ramirez, é a prestação de contas que cabe à Fundep, por meio de um relatório, ao fim do contrato, em que deverá expressar os avanços da política por meio de indicadores qualitativos e quantitativos.

Para o presidente do BHTec, professor Marco Aurélio Crocco, a parceria também trará ganhos para o empreendimento, que reúne ambientes de geração de tecnologia de ponta em área nas imediações do campus Pampulha. “Ela vai reforçar a nossa missão como instrumento e lócus para interação da Universidade com outros setores produtivos, de modo que o conhecimento aqui gerado se transforme em produtos e soluções para a sociedade”.

O diretor da CTIT, Gilberto Medeiros, acrescentou que a regulamentação das ações da política de inovação é um processo contínuo de construção. Um exemplo da aplicação prática desse processo é a parceria do Laboratório de Ensaios de Combustíveis (LEC) da UFMG com a Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais (Codemge) para estudo de caso sobre combustível de aviação.

A coordenadora do LEC,  professora Vânya Duarte Pasa, fez breve relato sobre as diversas ações do laboratório e enfatizou a migração do foco na prestação de serviços, desde sua criação, em 2000, para se constituir em Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), centrada no campo da aviação, em parceria com a Codemge. "Trata-se de uma aliança estratégica que impulsionou alianças também com governos e investimento em equipamentos, destacando-se a estrutura como centro de inovação nacional no setor aeronáutico, com capacidade de análises de que nem a Petrobras dispõe. Os ganhos abrangem o ensino, a pesquisa, a extensão e a formação de recursos humanos”, elencou.

Com mais de dois mil clientes cadastrados e equipamentos avaliados em R$ 10 milhões, o modelo de laboratório multiusuário previsto na política permite que a UFMG venda serviços tecnológicos, disponibilize sua infraestrutura e realize parcerias para novas metodologias. A legislação que regulamenta essas ações está disponível no próprio formulário que contém o texto do documento para contribuições da comunidade e no site da CTIT.

Juliana Crepalde, coordenadora da CTIT retomou a linha do tempo do processo de inovação
Juliana Crepalde, coordenadora da CTIT, mostrou a linha do tempo do processo de inovação Raphaella Dias | UFMG

Missão institucional
A CTIT, como reforçou a sua coordenadora geral, Juliana Crepalde, desenvolve diversas ações que estimulam a inovação de forma contínua e estruturante. E o Marco Legal possibilitou o fomento do empreendedorismo acadêmico como missão da instituição por meio da geração de spin-offs e de novas formas de participação de retorno para a UFMG, como em ações de empresas (equity) e capital de risco/fundo de investimento (Fundepar).

Ao retomar a linha do tempo desse processo, Crepalde destacou a “importância do regramento (como fazer) para materializar a política de inovação (o que fazer)". Ela lembrou ainda que a UFMG, desde 2016, vem discutindo as diretrizes de sua política de inovação, antes mesmo da aprovação do Marco Legal. E a opção pelo modelo compartimentado, que estabelece um regramento para cada ação, possibilita também que a Universidade crie uma plataforma sistêmica, não linear, como estratégia de interação com as empresas.

Teresa Sanches