Relação entre poesia e oratória no período imperial romano é tema das Jornadas de Retórica
Versos de exílio do poeta Ovídio serão abordados em palestra de especialista em estudos antigos
Tema frequente entre os retóricos e oradores da Roma Antiga, a oposição entre retórica e poesia é o eixo temático da próxima edição das Jornadas de Retórica e Argumentação, que serão realizadas na próxima quinta-feira, dia 31. Em um contexto de centralização do poder político e silenciamento da oratória no início do período imperial romano, a poesia surgia como alternativa para a incorporação da retórica por meio de figuras como o poeta Ovídio.
A pesquisadora Júlia Batista de Avellar, do Núcleo de Estudos Antigos e Medievais (Neam) da UFMG, discutirá a poesia ovidiana de exílio que reconfigura uma série de elementos da retórica antiga. Júlia Avellar é professora de latim na Fundação Torino e estuda, entre outros temas, poesia augustana e lírica de exílio.
Amor e erotismo
Ovídio foi banido de Roma pelo imperador Augusto e dedicou os últimos anos de sua vida a produzir obras sobre sua vida em exílio. O poeta, que só foi absolvido por Roma em 2017, propõe e incorpora em seus versos uma nova espécie de retórica, definida pelos parâmetros do amor e do erotismo característicos de sua poesia, com base nos quais põe em discussão as relações entre poder, censura, retórica e poesia.
Com o título Diálogo dos oradores e poetas: poder imperial, ‘censura’ e a retórica amorosa de Ovídio, o novo evento da série ocorrerá no auditório Professor Bicalho, na Fafich, a partir das 19h. Mais informações podem ser solicitadas pelo telefone (31) 3409-5025.
As Jornadas
Realizadas desde 2014, as Jornadas de Retórica e Argumentação reúnem estudiosos de retórica e análise do discurso com o objetivo de divulgar os trabalhos desenvolvidos na UFMG e de outras instituições nacionais e internacionais em áreas como filosofia, direito, letras, história e comunicação.
A série é organizada pelo Grupo de Pesquisa Retórica e Argumentação, formado por estudiosos da Fafich e da Fale.