Extensão

'UFMG talks' sobre plataformas digitais e uberização está disponível no YouTube

Programa recebeu os professores Carlos d’Andrea, da Comunicação, e Fabio Tozi, da Geografia

Cada vez mais, a vida parece ser mediada pelas plataformas digitais. À palma da mão, com nossos smartphones, elas conectam as pessoas com amigos, colegas de trabalho, restaurantes, lojas, supermercados e bancos. Dados, algoritmos, IA e modelos de negócios estão por trás dessa nova sociedade que cada vez mais dependente das grandes empresas de tecnologia, como Google, Amazon, Facebook e Uber. Na última edição do UFMG talks em casa, realizada na quinta-feira, 4 de novembro, professores da Universidade discutiram a plataformização e a uberização da sociedade.

UFMG Talks em casa discutiu as plataformas digitais e a uberização da sociedade
A apresentadora Alessandra Ribeiro e os professores Fábio Tozi (à direita) e Carlos d'Andréa durante o programaReprodução YouTube

Plataformas digitais e suas dimensões
Professor do Departamento de Comunicação Social da UFMG, Carlos d'Andréa desenvolve pesquisas sobre plataformas, mídias sociais, métodos digitais, datificação e jornalismo contemporâneo. Ele abriu a noite contando sobre o histórico dos recursos de reações do Facebook, que começou, em 2009, com o botão de like e, alguns anos depois, chegou aos chamados reactions – botões derivados de emojis que representam sentimentos como alegria, tristeza ou raiva. 

O pesquisador explicou que o botão de “raiva”, por determinação do algoritmo, gerava engajamento mais expressivo e, consequentemente, ganhava mais visibilidade – assim, postagens que produziam sentimentos negativos eram impulsionadas pelos algoritmos da plataforma. “Isso mostra que essas carinhas, tão cotidianas para nós, são fruto de uma experimentação laboratorial forte, de uma empresa cada vez mais poderosa”, disse.

Para d’Andréa, é importante entender a lógica da plataforma considerando algumas dimensões: infraestrutura, dados e algoritmos, governança, modelo de negócios e práticas. “Ao mesmo tempo que as plataformas estão tentando compreender e observar como esse mundo funciona, me parece que, sobretudo, elas estão tentando testar como o mundo responde aos seus esforços, ou seja, como os diferentes países, as diferentes comunidades e os diferentes públicos reagem às suas tentativas e erros. É um lugar de muita experimentação. E não é difícil pensar como isso descamba para as ideias de manipulação, abusos e outras arbitrariedades com as quais a gente convive cada vez mais”, concluiu.

Territórios e desigualdades
Professor do Departamento de Geografia da UFMG, Fabio Tozi desenvolve pesquisas sobre plataformas digitais, uberização, inovação, patentes e informatização do território. No UFMG Talks, ele falou sobre o viés geográfico da plataformização da sociedade e do território. Primeiro, lembrou que o acesso à modernização, a novas tecnologias e à informação está relacionado com estruturas sociais e desigualdades.

O pesquisador destacou quatro pontos centrais de debate: a uberização e precarização do trabalho, principalmente no Brasil, onde há pouco debate sobre a regulamentação dessas grandes empresas; o impacto que essas plataformas podem exercer sobre valores, hábitos e uso do espaço urbano; o papel ativo do espaço geográfico e o modo como estruturas da desigualdade brasileira são renovadas pelas plataformas; a forma como tudo isso afeta o planejamento do território ou o planejamento da mobilidade. “Cai por terra o mito de que as plataformas de transporte colaboram para a mobilidade. O que a gente pode provar, pelas pesquisas que estão sendo feitas, é que a plataforma cria mais oferta onde a oferta já era proporcionalmente favorável”, disse.

Assista ao programa, disponível no canal da TV UFMG no YouTube:

Luiza Lages