Evento acadêmico

Papel do historiador em 'tempos pandemônicos' é tema de live nesta quinta

Como a historiografia, uma ciência que se ocupa de fenômenos do passado, pode contribuir para iluminar o debate sobre o presente turbulento? Essa pergunta perpassará a mesa-redonda virtual Desafios para uma história do tempo presente no Brasil, que será realizada nesta quinta-feira, 4 de junho de 2020, a partir das 17h, pelo Laboratório de História do Tempo Presente da Fafich.

A live, que será transmitida pela página do laboratório no Facebook, reunirá o seu coordenador, o professor Rodrigo Patto Sá Motta, do Departamento de História, e o historiador Marcos Napolitano, docente da USP. A mediação será feita pela pesquisadora Carolina Dellamore, da UFMG.

Rodrigo Patto antecipa que pretende desenvolver uma reflexão recorrente em seus artigos e conferências, nos quais tem ressaltado os riscos que correm os historiadores de temas recentes e a necessidade de se posicionarem, pois o conhecimento da história pode ser útil para entender os dilemas atuais.

“O papel do historiador que se debruça sobre temas recentes implica, ao mesmo tempo, desafios políticos e compromissos cívicos, éticos e acadêmicos. Esse conhecimento tem uma dimensão política, pois incide nos conflitos atuais, e, naturalmente, o posicionamento pessoal traz implicações para o trabalho do historiador”, comenta Sá Motta, ressalvando que é preciso “evitar uma politização excessiva, que comprometa a qualidade e a validade desse conhecimento".

O debate com participação de Rodrigo Patto e Marcos Napolitano é o primeiro da série Questões para a história do tempo presente em tempos pandemônicos, que será realizada quinzenalmente, em forma de mesas-redondas virtuais, com o objetivo de discutir os lugares e papéis da história e dos historiadores no atual contexto.

Trajetórias
Rodrigo Patto Sá Motta é graduado e mestre em História pela UFMG e doutor em História pela USP. Realizou estudos de pós-doutorado e atuou como professor-pesquisador visitante na Universidade de Maryland, nos Estados Unidos. Também como docente visitante, trabalhou nas universidades de Santiago de Chile, Nacional de Colômbia, Paris III, na França, e nacionais de Rosario, General Sarmiento e San Martín, na Argentina. Atua principalmente no campo da História Política, com ênfase tanto em temas da vertente clássica (partidos e instituições) quanto em abordagens que dialogam com a chamada "nova história" (representações, iconografia e cultura política). Suas pesquisas recentes concentram-se em questões relacionadas ao golpe de 1964 e ao regime militar, envolvendo temas como repressão política, anticomunismo, política universitária, memória e atuação da esquerda. Suas publicações mais relevantes são os livros Em guarda contra o perigo vermelho: o anticomunismo no Brasil, Jango e o golpe de 1964 na caricatura e As universidades e o regime militar.

Marcos Napolitano é graduado, mestre e doutor em História pela Universidade de São Paulo. Foi professor no Departamento de História da Universidade Federal do Paraná e docente visitante no Instituto de Altos Estudos da América Latina (IHEAL) da Universidade Paris III e na Universidade de Santiago do Chile. É professor titular de História do Brasil Independente da USP e assessor ad-hoc da Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo (Fapesp) e do CNPq. É especialista no período do Brasil República, com ênfase no regime militar, e na área de história da cultura, com foco no estudo das relações entre história e audiovisual. Tem experiência também na formação de professores do ensino básico, com projetos sobre o uso do audiovisual na escola.

Descrição Imagem
Panelaço em protesto contra o presidente Jair Bolsonaro, em São Paulo Roberto Parizotti / Fotos Públicas / CC BY-NC 2.0