Livro revela influência das vilas operárias sobre as cidades brasileiras
Modelo oriundo do processo de industrialização inglesa deixou marcas em cidades como Nova Lima, Sabará e Diamantina
Numerosas vilas operárias erguidas no Brasil foram adaptações do modelo company town, oriundo do processo de industrialização inglesa. Companhias mineradoras e têxteis, entre outras, proviam para seus empregados habitação e equipamentos urbanos, como escolas e hospitais, que ficavam próximos às instalações industriais. A influência desses assentamentos, criados nos séculos 19 e 20, é muito presente em diversas cidades brasileiras.
Pesquisadores vinculados ao Laboratório da Paisagem da Escola de Arquitetura da UFMG e de outras instituições acabam de lançar a coletânea O modelo das companhias industriais e seus reflexos nas cidades brasileiras (Editora CRV), em que analisam a história, as características e as transformações sociais provocadas por essas vilas, materializadas na paisagem. “Nossas cidades fizeram releituras do modelo, com especificidades locais. Um ponto em comum é o controle social e econômico exercido pelas empresas”, explica a professora Marina Salgado, uma das organizadoras do livro.
O professor Ian Morley, da Chinese University of Hong Kong, observa que empresários britânicos encontraram suas próprias soluções para os desafios urbanos: desenharam comunidades segundo padrões sociais, sanitários e ambientais bem mais exigentes que os de Londres, Manchester e Glasgow. “As novas comunidades, inspiradas por combinação de filantropia e paternalismo, criaram novo paradigma para o desenvolvimento das paisagens urbanas, encorajando a baixa densidade e alimentando ideias como a de cidade-jardim”, afirma Morley, que assina o primeiro capítulo do volume, em entrevista por e-mail.
A herança das vilas operárias no Brasil é tema de reportagem da edição 2.083 do Boletim UFMG.