Pesquisa e Inovação

Livro organizado no ICA trata de cultivo e manejo da rosa-do-deserto

E-book com acesso gratuito reúne informações sobre a planta ornamental geradas por pesquisas em diversas instituições

Rosa-do-deserto com 11 meses de plantio, em Holambra (SP)
Rosa-do-deserto com 11 meses de plantio, em Holambra (SP) Luiz Augusto dos Santos Frare

A rosa-do-deserto é conhecida pelas suas características singulares. Ao longo de sua estrutura, o caule parece moldado à mão, num movimento que se inicia em sua base farta e arredondada, como balões cheios de água. As flores abundantes e em cores vivas contribuem para o aspecto de ilustração de contos de fadas. Apreciada por paisagistas e amadores, a planta ornamental é a protagonista de livro organizado por pesquisadoras do Instituto de Ciências Agrárias (ICA) da UFMG.

O e-book Cultivo e manejo da rosa-do-deserto reúne, em nove artigos, resultados de pesquisas desenvolvidas no campus da UFMG em Montes Claros e em outras instituições brasileiras. Os textos abordam aspectos botânicos, procedimentos para a produção de plantas com alto padrão de qualidade, questões legais relacionadas à produção e orientações práticas sobre cultivo e propagação de mudas e controle de pragas.

Publicado pela Brazilian Journals Editora, o e-book foi organizado pelas professoras Silvia Nietsche e Elka Almeida e pela doutoranda em Produção Vegetal Rosane B. Mendes. De acordo com Silvia, a publicação é importante para reduzir a carência de bibliografia sobre a espécie do Brasil. Parte das informações compartilhadas é resultado da pesquisa para a tese de doutorado de Rosane Mendes, especialmente nos capítulos que tratam sobre melhoramento, botânica e manejo de pragas e doenças

Silvia Nietsche explica que a rosa-do-deserto tem grande potencial para floricultura ornamental no país. Ela teve grande aceitação popular e é o foco principal de grupos profissionalizados de criadores e colecionadores. “Isso se deve à beleza da planta, à variação cromática das flores e àquele caule abundante. É uma planta exótica, que acabou se adaptando muito bem ao nosso clima por causa de sua origem em áreas desérticas e regiões áridas com altas temperaturas”, ela diz.

Ainda de acordo com a professora, a estrutura espessa do caule funciona como uma reserva da planta, associada à sua resistência à seca. São muitas espécies do gênero Adenium, com distribuição predominante na África subsaariana e no sul da península arábica. Comercialmente, a espécie descrita no início deste texto (A. obesum) tem melhor aceitação, o que contribuiu para sua ampla distribuição.

Veneno e remédio
Um fato curioso sobre a planta abordado no livro é o uso tradicional de algumas espécies na África e no Oriente Médio. A publicação relata a utilização da seiva leitosa e outras partes da planta como veneno e também em tratamentos da medicina tradicional.

Estudos comprovaram uma série de atividades biológicas, como são chamados os efeitos benéficos ou adversos de compostos químicos. Atividades anticâncer, antivirais, bactericidas, antioxidantes, entre outras, já foram demonstradas em pesquisas científicas. Os autores de capítulos de Cultivo e manejo da rosa-do-deserto destacam, no entanto, a necessidade de novos estudos para avaliar e experimentar formas seguras de uso desses componentes, especialmente em razão da alta toxicidade da planta.

Amanda Lelis | Cedecom Montes Claros